Complexo de produção de azeite do Império Romano é descoberto na Tunísia

Segundo maior complexo de produção de azeite conhecido do Império Romano foi descoberto na Tunísia, e reflete importância do norte da África para Roma
Por Éric Moreira
Na antiga sociedade romana, o azeite era uma peça central para além de seu uso culinário. Este produto era amplamente utilizado para higiene pessoal, tratamentos medicinais, iluminação e até mesmo como símbolo de status social. Considerado um “superalimento”, sua produção era disseminada em grande escala por todo o Império Romano, um dos maiores que já existiu.
E, recentemente, novos vestígios relacionados à produção de azeite têm sido descobertos, destacando a magnitude do que foi um dos maiores impérios da história no norte da África. Um exemplo notável é a atual missão arqueológica internacional em Kasserine, na Tunísia, que está localizada nas proximidades da fronteira com a Argélia e abriga o que aparenta ser o segundo maior complexo de produção de azeite da Roma Antiga.
De acordo com um comunicado da Universidade Ca’ Foscari de Veneza, que participa das escavações, duas grandes torcularias — as instalações onde as azeitonas eram prensadas — foram localizadas na antiga cidade romana de Cillium. Estas estruturas, segundo os especialistas, estiveram ativas entre os séculos 3 e 6 d.C.
A região montanhosa de Jebel Semmama, em Kasserine, com suas condições climáticas favoráveis, se mostrava ideal para o cultivo de oliveiras. À medida que a agricultura se desenvolvia, a Tunísia emergiu como principal fornecedora de azeite para Roma, impulsionando uma economia vibrante que favorecia o comércio e o encontro de líderes locais, repercute a Revista Galileu.

O sítio arqueológico Henchir el Begar é um dos principais focos das escavações e reflete claramente a grandiosidade da produção de azeite. Anteriormente uma vasta propriedade rural pertencente a um senador romano do século 2 d.C., este local é dividido em dois setores: Hr Begar 1 e Hr Begar 2, ambos equipados com prensas e cisternas para captação de água.
No setor Hr Begar 2, encontra-se uma torcularia composta por oito prensas de azeitona. Já o setor Hr Begar 1 abriga um complexo ainda mais impressionante, com um total de 12 prensas, configurando-se como a maior torcularia de óleo romano na Tunísia e a segunda maior em todo o Império Romano.
Numerosas mós e pedras de moinho foram encontradas na superfície, evidenciando uma produção mista de cereais e óleo e demonstrando o duplo propósito agrícola do sítio”, acrescenta o comunicado.
Outras descobertas nos locais arqueológicos revelam uma infraestrutura complexa relacionada ao comércio do azeite na região. Residências antigas, estradas e artefatos foram encontrados em diferentes camadas de solo que datam desde a antiguidade romana até o período bizantino.
Esclarecer a produção, o comércio e o transporte desse produto em tão larga escala representa uma oportunidade excepcional de unir pesquisa, valorização e desenvolvimento econômico, confirmando a importância da arqueologia como área de excelência em nossa universidade”, afirmou Luigi Sperti, diretor do Centro de Estudo de Arqueologia de Veneza (CeSAV), que está envolvido nas escavações.
Fonte: Aventuras na História













