Estudante indígena pesquisa importância da língua materna em conclusão de curso
O universitário Tukura Asurini, que cursa etnodesenvolvimento, também defende o fortalecimento cultural indígena
O estudante do curso de Etnodesenvolvimento, do Campus Universitário de Altamira da Universidade Federal do Pará (UFPA), Tukura Asurini defendeu seu Trabalho de Conclusão de Curso intitulado ‘Cultura e Língua Materna entre os Asurini do Xingu’, no último dia 30 de agosto. A abordagem faz uma reflexão sobre a importância da língua e da cultura indígenas e apresenta propostas para a sua preservação e fortalecimento.
O trabalho teve orientação do professor indígena da UFPA, Uwira Xakriabá, cujo nome civil é Willian Domingues. Tukura é originário da aldeia Ita-aka, do Território Indígena Asurini do Koetinemo, e foi o primeiro do seu povo a se formar em nível superior. Tukura Asurini agora buscará ingressar no mestrado, formação que vai ajudá-lo a fortalecer a cultura do seu povo.
O orientador do TCC, professor Uwira Xacriabá, explica que a pesquisa realizada por Tukura traz uma reflexão importante sobre a indissociabilidade da língua e da cultura e, ainda, a proposta de um projeto de revitalização do uso da língua materna e de fortalecimento cultural por meio da produção de artefatos da cultura material de seu povo.
O professor ressaltou , ainda, que o acesso indígena à universidade é fundamental: “não apenas para nós indígenas, que estamos em busca de uma emancipação social que nos possibilite vencer as mazelas do colonialismo do passado e fazer frente às investidas de um novo/velho processo civilizatório, mas também, sobretudo, é importante para a própria universidade , na medida em que nossa entrada traz a possibilidade e a necessidade de revisão dos cânones epistemológicos ocidentais e de mudanças em relação ao preconceito e à discriminação que ainda enfrentamos em um país contrassensualmente tão cultural e racialmente miscigenado”.
O desejo é de que Tukura Asurini possa seguir agora autonomamente, estudando a relação entre a língua materna e a cultura, mesmo sendo cacique de sua aldeia.
Tukura, por sua vez, afirmou não ter sido fácil e que enfrentou muitas dificuldades para alcançar sua formação, inclusive com a língua portuguesa, que é uma segunda língua para seu povo. Mas a meta agora, segundo ele, “é sonhar alto” e se tornar um pesquisador Asurini, na pós-graduação.
Fonte: Portal Amazônia