Retalhos
Perco-me
Revirando gavetas,
Revendo fotos e
Relendo cartas
Que recebi e que
Enviei para não
Sei quem
Revejo imagens
Opacas e retratos
Amarelados pelo
Tempo numa
Velha gaveta do
Quarto
Forço a memória
Numa viagem inglória
E insisto em vão
Rememorar o passado
Lembro de paixões
Que se foram, revisito
Antigos amores dos
Quais já nem me
Lembro o nome e
Revejo lugares que
Já não existem mais
Folheio revistas
E jornais antigos,
Ouço músicas
Eruditas e releio
Os clássicos, em
Meio aos cacos
Da memória e entre
Os retalhos do que
Me sobrou
Me perco por horas
A fio por destinos
Longevos que já
Não persistem mais
Neste mundo
Chego à dura
Conclusão que o
Passado não me
Pertence mais,
Que o futuro é
Incerto e que a
Vida lá fora se dá
E se descortina no
Presente, no aqui
E no agora
Ficam a nostalgia
Do que foi vivido
E a certeza inexorável
De que é preciso
Seguir adiante com
Passos firmes e de
Ânimo forte