Ciência

Companheira da Betelgeuse é encontrada

Pesquisa sugere que Betelgeuse possui uma estrela companheira semelhante ao Sol, o que pode explicar as variações regulares em seu brilho

Por Lucas Soares

A estrela Betelgeuse (que está na fase final de sua vida) é famosa por seu brilho de intensidade variável, passando por ciclos de luminosidade extrema e outros com quedas bastante incomuns em sua visibilidade. Agora, astrônomos descobriram o que causa essas variações: a estrela não está sozinha.
Conhecida por passar por ciclos de escurecimento e clareamento que se repetem a cada 400 dias, Betelgeuse apresentou uma anomalia em 2020, quando seu brilho diminuiu de forma atípica. Além desse ciclo mais curto, há também uma variação mais lenta, com intervalos de aproximadamente seis anos, chamada de longo período secundário (LSP).

As causas dos dois fenômenos são diferentes. Enquanto o escurecimento de 2020 foi provocado por uma gigantesca nuvem de poeira emitida por Betelgeuse, a variação padrão de brilho permaneceu um mistério… até agora. A pesquisa, publicada na segunda-feira (21), na The Astrophysical Journal Letters, usou dados do telescópio Gemini North, no Havaí (EUA), para fazer novas observações de Betelgeuse e encontrar sua companheira. Essa estrela orbita Betelgeuse em uma trajetória incrivelmente estreita, o que poderia explicar um dos mistérios de longa data da gigante vermelha.

A capacidade do Gemini North de obter alta resolução angular e contrastes nítidos permitiu que a companheira de Betelgeuse fosse detectada diretamente”, disse Howell em um comunicado. “Os estudos que previram a existência dessa companheira acreditavam que ninguém jamais seria capaz de registrá-la em imagens”.

Os resultados indicam que a estrela descoberta tem uma massa de cerca de 1,5 vez a do Sol e é uma estrela branco-azulada quente, orbitando Betelgeuse a uma distância equivalente a quatro vezes a entre a Terra e o Sol — muito próxima para um sistema binário. Para comparação, Betelgeuse é uma gigante vermelha localizada a cerca de 600 anos-luz da Terra. Como o nome sugere, ela é colossal, com massa entre 15 e 20 vezes a do Sol, e está nos estágios finais de sua vida, já tendo consumido quase todo seu combustível nuclear.

Esta é a primeira vez que uma companheira é encontrada tão próxima de uma supergigante vermelha. Curiosamente, ao contrário de Betelgeuse, sua parceira ainda está longe da morte e nem sequer iniciou a queima de seu núcleo. Ou seja: nasceram juntas, mas estão em fases opostas de seus ciclos evolutivos. Isso se explica pelo tamanho de Betelgeuse. Mas não significa que a companheira durará muito mais tempo: a intensa gravidade da gigante vermelha provavelmente atrairá a estrela menor para seu interior. A equipe estima que esse evento canibalístico possa ocorrer nos próximos 10 mil anos.

Fonte: Olhar Digital

Luzimara Fernandes

Luzimara Fernandes

Jornalista MTB 2358-ES

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