Ciência

Água de Marte pode ser proveniente de ao menos duas fontes distintas

Ao analisar isótopos de hidrogênio em um meteorito marciano, cientistas concluíram que o elemento químico da atmosfera e do subsolo do planeta tem diferentes origens

Marte provavelmente recebeu água de pelo menos duas fontes muito diferentes no início de sua formação. É isso que aponta uma pesquisa conduzida por especialistas da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, e publicada na Nature Geoscience.
O estudo foi feito com base em um meteorito originário do Planeta Vermelho conhecido como Noroeste da África 7034. Analisando o material, os especialistas também perceberam que as substâncias encontradas indicam que Marte, ao contrário da Terra e da Lua, nunca teve um oceano de magma abrangendo completamente o planeta durante sua formação.

Analisando isótopos

Noroeste da África 7034 (Foto: Institute of Meteoritics UNM)

Segundo os especialistas, os tipos de hidrogênio presentes em diferentes regiões do planeta Vermelho variam muito. Estudando as amostras do meteorito, eles descobriram que dois diferentes tipos de rochas vulcânicas de Marte continham água com distintas proporções de isótopos de hidrogênio. Os meteoritos enriquecidos continham mais deutério (“hidrogênio pesado”) do que os empobrecidos, que são mais parecidos com as rochas encontradas na Terra e tem mais prótio (“hidrogênio leve”).
A proporção desses dois tipos de isótopos, o deutério e o prótio, indica para os cientistas os possíveis processos e origens da água marciana presente em rochas e minerais.
Isso levou os especialistas a sugerirem que o tipo de hidrogênio presente na atmosfera de Marte é diferente do que existe no subsolo do planeta. Com isso, fica mais fácil explicar porque existem dois isótopos de hidrogênio diferentes no meteorito estudado.
“Essas duas fontes diferentes de água no interior de Marte podem nos dizer algo sobre os tipos de objetos que estavam disponíveis para se fundir [e formar] planetas rochosos [como Marte]”, diz a pesquisadora Jessica Barnes em comunicado.
Logo, Barnes e seus colegas acreditam que os meteoritos são capazes de registrar as “assinaturas” de duas fontes diferentes de hidrogênio (e água) em Marte. Essa enorme divergência também sugere que mais de uma fonte pode ter contribuído para a origem da água marciana, o que contradiz a hipótese da existência de um oceano de magma no Planeta Vermelho, há milhões de anos, enquanto ele se formava.
“Muitas pessoas tentam descobrir a história da água de Marte. Tipo, de onde veio a água? Por quanto tempo ela esteve na crosta (superfície) do planeta? De onde veio a água do interior de Marte? O que ela pode nos dizer sobre como planeta se formou e evoluiu?”, questiona Barnes. “Esse contexto é importante para entender a habitabilidade e a astrobiologia do passado de Marte”.

Fonte: Galileu.com

Luzimara Fernandes

Luzimara Fernandes

Jornalista MTB 2358-ES

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