A verdadeira história de Christopher Gardner, o milionário que inspirou o filme À procura da felicidade
Abandonado pela esposa e com um filho para cuidar, o homem se viu falido por diversas vezes e teve de sair às ruas para encontrar sustento
Indicado ao Oscar de Melhor Ator em 2007, Will Smith fez centenas de milhares de pessoas chorarem com a trama de À Procura da Felicidade. Desde seu lançamento, em 2006, o filme já emocionou diversas gerações.
Poucos se lembram, entretanto, que a história protagonizada por Will e seu filho Jaden é, na verdade, baseada em fatos reais. Aos 66 anos, Christopher Gardner, que serviu de inspiração para o filme, hoje é um grande empresário e palestrante motivacional.
No início de sua trajetória, que em muito se parece com o longa, Christopher tinha um total de 25 dólares em sua carteira. Atualmente, com vários prêmios nas estantes, ele tem uma fortuna estimada em mais 600 milhões.
Antes da claquete
Natural de Wisconsin, Chris nunca teve bons modelos de paternidade e viveu uma infância turbulenta ao lado de suas três meia-irmãs. Entre brigas e conflitos da mãe e do padrasto violento, Chris e suas irmãs foram colocados em orfanatos duas vezes.
Foi em um dos abrigos, inclusive, que o menino conheceu outros familiares. Inspirado por um deles, seu tio Henry, Chris decidiu se alistar na Marinha dos Estados Unidos quando terminou o ensino médio e recebeu tarefas no hospital.
Em 1974, apaixonado pela profissão, ele teve alta da marinha e estava mais do que animado para seguir a carreira de médico. Por dois anos, Chris administrou um laboratório e casou-se com Sherry Dyson, em junho de 1977.
A aposta errada
Pouco antes de completar seus 26 anos, entretanto, todo glamour da carreira médica desapareceu aos olhos de Chris e ele decidiu abandonar a ideia. Ao confrontar Sherry com sua nova escolha, o jovem viu seu relacionamento desabar.
Ainda casado, ele conheceu uma estudante de odontologia chamada Jackie Medina e os dois começaram a namorar. Em pouco tempo, os dois tiveram um filho e passaram a morar juntos. Em 1986, Chris e Sherry assinaram os papéis de divórcio.
Sem grandes perspectivas, Chris passou a vender equipamentos médicos como forma de sustento — salário este que mal sustentava a família toda. Foi nessa época, ofertando máquinas de porta em porta, que o homem conheceu Bob Bridges.
Dono de uma Ferrari vermelha, Bob explicou que ganhava dinheiro como corretor da bolsa. Assim, impressionado pelo carrão e pela quantia no bolso do colega, Chris decidiu qual seria sua próxima carreira.
Um gráfico cheio de quedas
Com a ajuda de Bob, Gardner entrou no mundo dos investimentos e conheceu gerentes das principais agências. Ele deixou a venda de máquinas de lado e tentou a vida como corretor da bolsa. Até um emprego novo conseguiu.
Quando chegou ao escritório para seu primeiro dia, contudo, ele descobriu que seu contratante havia sido demitido. Como se não fosse o suficiente, o dinheiro curto estava causando brigas constantes entre ele e Jackie.
Chris chegou a ser preso por dez dias, devido a diversas multas de estacionamento não pagas e, quando voltou, descobriu sua casa vazia. Sem dinheiro, sem móveis e sem seu filho, o homem ficou desamparado.
É a partir desse momento que a vida encontra a arte e, como no filme, Chris vai para uma entrevista de estágio. Ele consegue o emprego, que, mesmo somado à venda de máquinas, não é suficiente para sustentar uma vida tranquila.
Quatro meses mais tarde, com poucos tostões no bolso, Chris recebe uma visita de Jackie que, sem saída, retorna para deixar seu filho com o pai. Naquela época, cuidando da criança, o homem se vê falido mais uma vez e passa a morar na rua.
Juntos, pai e filho dormiam em motéis, parques, transportes públicos e até em banheiros de estações de trem. Depois de muito tempo, com a ajuda do Reverendo Cecil Williams, Chris passou a morar em um abrigo com o menino.
O começo da subida
Em algum tempo economizando dinheiro com o que podia, Chris foi capaz de alugar uma pequena casa. Em 1985, ele reencontrou Jackie e os dois tiveram mais uma filha, ainda que não tivessem reatado o relacionamento.
Em 1987, Chris ajudou a criar a corretora Gardner Rich & Co, em Chicago. Em poucos meses, lucrando com sua participação na empresa, ele fechou um acordo milionário e tornou-se fundador e CEO da Christopher Gardner International Holdings.
Sua vida de milionário norte-americano se encaixou perfeitamente em seu caráter gentil e Christopher Gardner logo se tornou um empresário premiado. Em 2006, ele publicou sua autobiografia e tornou-se produtor do filme estrelado por Will Smith, que, diga-se de passagem, Chris não achava ser bom o suficiente para representá-lo.