A nota de 200 reais e a desvalorização da nossa moeda

Recentemente o governo anunciou que entrará em circulação, neste mês de agosto, a nova cédula do nosso dinheiro, a nota de 200 reais. Assim como as outras, a nota irá homenagear um animal da nossa fauna, o lobo-guará. Estima-se que cerca de 400 milhões de cédulas deverão ser impressas logo após a aprovação do modelo por parte do Banco Central (BC). Segundo a diretora de Administração do BC, a criação da nova nota veio para atender a demanda da população por dinheiro físico, ainda mais em tempos de pandemia com o novo auxílio emergencial. Outro fato que influenciou a criação foi que, em um mês, o governo gastou 437 milhões de reais para imprimir 100 bilhões em dinheiro físico.
Embora as justificativas oficiais sejam meramente uma questão logística e de custo, o anúncio da nota de R$ 200 deixou muitas pessoas com temor da volta da inflação. É comum em períodos com alta inflação novas notas com valores maiores serem lançadas. A nota de R$ 200 em si, não mudará muita coisa desde que não haja uma grande expansão na base monetária, mas isso levantou um debate acerca da desvalorização da nossa moeda. Para se ter uma noção, uma nota de R$ 100 nos dias de hoje, tem um poder de compra de apenas R$ 16 quando comparada com a nota de R$ 100 em 1994, quando o Plano Real foi lançado. Outro ponto a ser observado é que, na crise do coronavírus, o Real foi uma das moedas que mais se desvalorizou, perdendo apenas para o Bolívar, da Venezuela.
E como isso impacta na vida dos brasileiros? De todas as formas, já que somos um País que importa a maior parte dos produtos acabados que usamos e exportamos, na maior parte, commodities. Imagine o seguinte, se o Real perde valor frente ao Dólar, importar fica mais caro e o custo será repassado para a população brasileira. Nossas importações vão desde o trigo, passando por combustíveis até produtos eletrônicos. Ou seja, uma desvalorização da moeda, atinge em cheio as classes sociais mais vulneráveis, elevando o preço de produtos como pão, transportes e, consequentemente, tudo que depende de transporte para chegar ao local de destino, seja um produto ou uma pessoa.
Há quem argumente que uma moeda desvalorizada favoreça nossas exportações e seja bom para o Brasil. O objetivo aqui não é refutar ou desmerecer esse argumento, mas somente apontar algumas consequências negativas da desvalorização da nossa moeda. A nota de R$ 200 levantou novamente esse debate, mesmo que sua criação não desvalorize nossa moeda. No mais, resta esperar a nova nota!