Cultura

Romance aborda a saga de crianças durante o pós-guerra

“Crianças da guerra”, da escritora italiana Viola Ardone, apresenta as consequências de um conflito armado na vida de jovens

Recém-lançada no Brasil pela Faro Editorial, a obra “Crianças da guerra”, da renomada escritora italiana Viola Ardone, apresenta um relato emocionante sobre a migração de crianças italianas durante o pós-guerra.
Vendido em mais de 23 países, o romance mescla ficção com histórias baseadas em fatos reais. A trama gira em torno do personagem Amerigo, um garoto de apenas seis anos que nunca conheceu seu pai biológico, e fez de tudo para conquistar sua progenitora para que ela não o vendesse para os russos. Contudo, diante das trágicas consequências da guerra, o menino vê sua vida mudar por completo.
Neste cenário, Amerigo é resgatado por associações e comitês humanitários e acolhido por uma nova família, que lhe proporciona estudos. Segundo a obra, durante 1945 e 1952, acredita-se que cerca de 70 mil crianças tenham sido resgatadas da fome e da pobreza na Itália.
Entretanto, ao retornar para Nápoles, a vida do garoto acaba tomando rumos inesperados. Ao lado de sua mãe, o pequeno se vê obrigado a abandonar os estudos e voltar a trabalhar. No entanto, Amerigo não aceita esse destino, e decide fugir de casa em busca de melhores condições de vida. Após a morte de sua mãe, o agora violinista famoso retorna para a sua região de origem e descobre que possui um irmão e um sobrinho. Diante da prisão do irmão, Amerigo decide ajudar sua família.
“Crianças da guerra” trata-se de uma obra emocionante sobre os laços familiares e as drásticas consequências da guerra na vida de jovens. Mas acima de tudo, o romance é um retrato dos sonhos e da esperança daqueles que já viveram um conflito armado.

Capa da obra “Crianças da guerra” (2021) (Foto: Divulgação/Faro Editorial)

Confira abaixo um trecho de “Crianças da guerra” (2021):

A minha mãe caminha depressa na minha frente pelos becos e vielas dos bairros espanhóis de Nápoles —um passo dela são dois dos meus. Olho para os sapatos das pessoas. Sapato perfeito: um ponto; sapato furado: menos um ponto. Sem sapatos: zero ponto. Sapatos novos: um troféu como prêmio. Nunca tive meus próprios sapatos, uso os dos outros, por isso eles sempre me machucam. A minha mãe diz que ando torto, mas não é culpa minha. É do sapato dos outros. Eles têm a forma dos pés de quem os usou antes. Pegaram os seus hábitos, pisaram em outras ruas, entraram em outras brincadeiras. E quando chegam pra mim, o que os sapatos sabem de como ando e para onde quero ir? Devem habituar-se aos poucos, mas o pé cresce quando isso acontece, e os sapatos ficam pequenos e voltam a incomodar.

Fonte: Aventuras na História

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