Cafeína não aumenta o risco de desenvolver arritmia, aponta novo estudo
Para a alegria daqueles que amam um cafezinho e devido a problemas cardíacos evitam a bebida, um novo estudo indica que a cafeína não aumenta o risco de desenvolver arritmia – aceleração nos batimentos do coração de forma descompassada. O artigo, publicado nesta segunda-feira (19) no JAMA Internal Medicine, apontou ainda que a ingestão de algumas xícaras de café pode, na verdade, reduzir — um pouco — o risco.
“Não vemos evidências para esta recomendação ampla de evitar café ou cafeína”, disse o coautor do estudo, Dr. Gregory Marcus, chefe associado de cardiologia de pesquisas da Universidade da Califórnia, em São Francisco. “Pode haver alguns indivíduos onde a cafeína é o gatilho, mas acho que a evidência crescente é que esses casos são realmente muito raros”.
Segundo o Medical Xpress, o café é uma das bebidas mais amadas e consumidas no mundo, mas devido suas propriedades estimulantes ao corpo, muitos médicos alertam pacientes com problemas cardíacos para evitar a bebida, a fim de que ela não impulsione e energize de forma sobrecarregada o coração.
Entretanto, de acordo com os resultados da pesquisa, não há ligação entre a cafeína e os distúrbios do ritmo cardíaco, mesmo quando há fatores genéticos que podem influenciar a maneira como os indivíduos metabolizam a cafeína. Além disso, foi constatado também que cada xícara adicional de café que uma pessoa bebe diariamente pode reduzir o risco de arritmia em cerca de 3%. “A maioria das pessoas, mesmo aquelas com arritmias, deve poder desfrutar de sua xícara de café, e talvez haja algumas pessoas para as quais a cafeína ou o café possam realmente ajudar a reduzir o risco”, disse Marcus.
Métodos para a descoberta
Para entender se havia ou não a relação de cafeína com a arritmia, os cientistas analisaram e acompanharam a longo prazo dados de mais de 386 mil pessoas. Em cinco anos, cerca de 17 mil pessoas dentre esse grupo desenvolveram um problema de ritmo cardíaco. Todos os participantes foram questionados sobre o consumo de café no início do estudo e as respostas foram usadas para relacionar a ingestão de cafeína com a probabilidade de desenvolver um ritmo cardíaco anormal no futuro.
“Não conseguimos encontrar nenhuma evidência em nível populacional de que aqueles que consumiram mais café ou aqueles expostos a mais cafeína experimentaram um risco elevado de arritmias”, explicou Marcus.
O professor associado de medicina cardiovascular da Universidade de Wisconsin-Madison, Dr. Zachary Goldberger, acrescenta ainda que “há absolutamente algum dogma infundado de que o café pode causar arritmias.” No entanto, o médico alerta que mesmo sem conexão com a arritmia, os benefícios da cafeína contra a doença são muito pequenos. “Acho que o resultado final, com base nessas descobertas, é que o café pode não causar arritmias, mas também não protege necessariamente contra elas”, disse Goldberger.
De acordo com o Dr. Gregory Marcus, muitas pesquisas ainda são necessárias para entender como o café pode afetar na saúde do coração, bem como seus possíveis benefícios. Porém, já é sabido que os grãos possuem efeitos anti-inflamatórios e que a inflamação pode contribuir para problemas de ritmo cardíaco.
A cafeína pode também dar energia a algumas pessoas e assim impulsioná-las a serem mais ativas fisicamente, o que pode reduzir o risco de arritmia.
O médico acrescenta que, aos próprios pacientes ele recomenda uma xícara de café, mas ressalta juntamente com o colega, Goldberger, que podem existir pessoas que não respondem bem ao café, sendo necessárias avaliação médica de cada caso. “Se um paciente chega à clínica com palpitações ou sintomas de arritmia e pergunta se a cafeína ou o café desempenham algum papel, trata-se de uma discussão personalizada”, explica Goldberger. “Se um paciente relata palpitações que parecem estar relacionadas com café ou bebidas com cafeína, esses dados não nos dão a licença para dizer a eles para não tentarem limitar o café. Mas acho que poderíamos dizer ao nosso paciente que o café não leva as pessoas sob maior risco de distúrbios do ritmo cardíaco”.
Fonte: Olhar Digital