Paleo & Arqueologia

Nova espécie de crocodilo foi extinta pela mão humana há 200 anos

O crocodilo descoberto na China foi extinto por ação humana há 200 anos, e possivelmente era endêmico da nação asiática durante a expansão da Idade do Bronze

Uma nova espécie de crocodilo foi descoberta por cientistas norte-americanos, que apontam que ela foi caçada até a extinção pela raça humana há cerca de 200 anos. De acordo com os estudiosos, a caça excessiva ao réptil se dava por constantes conflitos com assentamentos na Idade do Bronze na China.
O estudo que detalha as descobertas feitas pelo time de pesquisadores da Universidade Clemson, da Carolina do Sul, EUA, indica que a espécie era parente próxima dos gavialídeos (gavialidae), um dos três grandes grupos de répteis crocodilianos — os outros dois sendo os aligatores (onde entra o jacaré comum) e o convenientemente nomeado “crocodilo”.
A descoberta da nova espécie, nomeada Hanyusuchus sinensis, foi feita através do estudo de um crânio fossilizado, encontrado na China. O fóssil tinha pelo menos uma dúzia de marcas de golpes com armas cortantes — provavelmente machados ou outra lâmina pesada — “provavelmente no intuito de matar esse indivíduo”, disse ao Newsweek Masaya Ijima, autor do estudo e pesquisador do Departamento de Ciências Biológicas da Clemson.

O crocodilo descoberto na China foi extinto por ação humana há 200 anos, e possivelmente era endêmico da nação asiática durante a expansão da Idade do Bronze (Imagem: Ijima et al./Clemson University/Reprodução)

Segundo o estudioso, a espécie viveu bem inserida na Idade do Bronze chinesa, que começou em 1700 a.C. (antes de Cristo). A época representa um momento de grande expansão da nação asiática pela busca de minérios de metal para a criação de armas e outros objetos — machados de bronze, em especial, eram símbolo de status. Nessa expansão, o encontro de minas e fontes de minério comumente vinham acompanhados de conflitos com a fauna local — o que inclui o H. sinensis.

O fóssil em questão tinha marcas de golpes na linha do pescoço, mas não se soube dizer se ele foi efetivo em decapitar o animal. De acordo com registros históricos, animais que causavam problemas a assentamentos na época eram capturados e executados publicamente v há casos onde crocodilos “roubavam” crianças e as devoravam, por exemplo.
Além da busca por bronze, outras ações humanas acabaram reduzindo o habitat dos animais, como a expansão agrícola e a criação de novos distritos residenciais — todos estes, fatores que contribuíram para a sua extinção.

O gavial contemporâneo é provavelmente o “primo” mais próximo da espécie descoberta na China. Esse réptil é bastante adaptado ao ambiente aquático e, por isso, tem uma dieta majoritariamente feira de peixes (Foto: Spanker.cz/Shutterstock)

O H. sinensis entra na categoria dos crocodilianos gavialídeos, cuja principal característica é o focinho bastante alongado e fino. O gavial contemporâneo é provavelmente o mais parecido exemplo que temos hoje em relação ao fóssil antigo. A espécie é possivelmente a mais aquática dos três grandes grupos e não consegue andar em postura semiereta — crocodilos e jacarés comuns tiram o peito do chão quando caminham; o gavial se arrasta. Em compensação, eles são os mais capacitados para navegação rápida a nado.
De acordo com Ijima, o H. sinensis pode ser um elo perdido na pesquisa pela evolução dos répteis crocodilianos, e nos ajuda a estabelecer um ponto cego na longa linhagem de répteis pré-históricos.
O estudo completo da nova espécie foi publicado no jornal científico Proceedings of the Royal Society.

Fonte: Olhar Digital

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