Pesquisa identifica 50 colorantes naturais à base de fungos amazônicos
Os pigmentos naturais podem ser utilizados para coloração de alimentos, cosméticos e tecidos
Um total de 50 fungos amazônicos apresenta potencial para produção de pigmentos naturais, que podem ser utilizados para coloração de alimentos, cosméticos e tecidos. Foi o que constatou uma pesquisa apoiada pelo Governo do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapeam), desenvolvida pelo doutor em Biotecnologia Industrial, João Vicente Braga, no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
O estudo está em andamento e já analisou 200 fungos, coletados a partir de amostras de solo e serapilheira, que são materiais em decomposição encontrados na superfície de florestas. Desse total, 50 apresentam capacidade de coloração natural de baixa toxicidade.
“Esses fungos foram analisados em laboratório e avaliados alguns parâmetros físico-químicos, como pH, temperatura, exposição à luz, com o objetivo de entender todos os seus processos fisiológicos. No momento, esses fungos estão em fase de testes laboratoriais para tingimento de tecidos e aplicação em formulação de creme ou cosmético”, destacou o pesquisador João Vicente.
Colorantes naturais
Segundo ele, os colorantes naturais produzidos por micro-organismos podem apresentar atividade antimicrobiana, antioxidante, imunossupressora, antiviral, anticancerígena e auxiliar na redução dos níveis de colesterol. Além dos benefícios para a saúde humana, os pigmentos com origem nos fungos não são afetados por fenômenos climáticos, como a seca, por exemplo, diferente dos colorantes produzido a partir de vegetais, que apresentam limitações, principalmente quanto ao período e à época de cultivo de cada espécie.
Outro fator importante apontado pelo pesquisador para a utilização de colorantes naturais é a preservação ambiental, uma vez que os produtos com origem sintética utilizam diversas propriedades químicas tóxicas, que podem impactar na flora e fauna, causando degradação ao meio ambiente.
Em contrapartida, segundo João Vicente, a Amazônia é um ambiente propício para o estudo de pigmentos naturais, em especial para os advindos de fungos, já que o clima quente e úmido da região favorece a diversidade de organismos fúngicos ainda desconhecidos.
“Entre os organismos que vivem na Amazônia estão os micro-organismos. Entre esses micro-organismos estão os fungos e, entre os fungos, estão aqueles que são capazes de produzir corantes. A temática da produção de pigmentos desse tipo tem sido muito abordada por pesquisas nos últimos anos, demonstrando que eles são, provavelmente, o próximo grupo a ser utilizados para extração de corantes”, ressaltou o doutor.
Parceria
O estudo que iniciou em 2019 reúne um time de pesquisadores formado por biólogos, biotecnólogos, farmacêuticos e engenheiros químicos do Inpa, da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
“O financiamento da pesquisa com os recursos da Fapeam é fundamental para o alcance de bons resultados. O avanço na pesquisa só é possível com a ajuda financeira e a confiança depositada nos pesquisadores e nas instituições parceiras. Há anos a Fapeam financia e apoia a pesquisa no estado do Amazonas em diversas linhas, trazendo ótimos resultados e participando na geração de bioprodutos amazônicos com alto valor agregado”, comemorou.
Fonte: CicloVivo