Baleias evoluíram em três fases rápidas, revela estudo
Um novo estudo revelou pela primeira vez que a diversidade que vemos nos crânios de baleias (Cetacea) foi alcançada através de três períodos-chave de rápida evolução. A pesquisa reuniu o conjunto de dados de varredura 3D mais expansivo de todos os tempos para crânios de cetáceos, abrangendo 88 espécies vivas (representando 95% das espécies de cetáceos existentes) e 113 espécies fósseis e cobrindo 50 milhões de anos de evolução.
As baleias têm uma fascinante história evolutiva, passando de terrestres a totalmente aquáticas em apenas oito milhões de anos. Os espécimes estão bem documentados historicamente porque seus corpos são facilmente preservados em sedimentos oceânicos e seu grande tamanho os tornou muito mais fáceis de encontrar e recuperar para estudo.
A Drª Ellen Coombs, líder do estudo e que fez seu doutorado no Museu de História Natural de Londres e no University College London (Reino Unido), afirmou: “Reunimos o mais extenso conjunto de dados cranianos para baleias que existe no planeta. Nossos dados vieram de espécimes de espécies vivas e de baleias fossilizadas, 32 das quais são mantidas nas coleções do Museu de História Natural”.
Alterações no crânio
“Na verdade, os dados usados para a maior espécie de baleia e animal que já existiu — a baleia-azul — vieram de Hope, o premiado esqueleto de baleia-azul do Museu de História Natural, que está pendurado no Hintze Hall”, prosseguiu a Drª Coombs.
“Como o crânio captura muitas das alterações mais extremas na alimentação, respiração e estruturas sensoriais, é ideal para entender essas mudanças rápidas e radicais, mas nenhum estudo anterior reconstruiu a evolução do crânio dos cetáceos em toda a extensão de sua diversidade viva e extinta”.
A pesquisa, publicada na revista Current Biology, revelou que houve três rápidas explosões de evolução das baleias, sendo a primeira de 47,8 a 42 milhões de anos atrás. Foi quando as antigas baleias conhecidas como Archaeocetes entraram pela primeira vez na água e mostraram rápidas mudanças na morfologia do crânio, possivelmente devido à falta de competição, resultando em alterações que permitiriam às espécies aproveitar os recursos alimentares abundantes.
“Dentro de oito milhões de anos, os ancestrais das baleias deixaram de ser totalmente terrestres, como o Pakicetus peludo de quatro patas que vivia ao redor da borda do Mar de Tétis, para se tornarem totalmente aquáticos”, comentou a Drª Coombs. “Isso é super-rápido em termos evolutivos”.
A segunda onda de diversificação veio em 39 milhões de anos, quando surgiu a divergência das baleias dentadas, Odontoceti, e as baleias de barbatanas, Mysticeti. Os odontocetos sofreram mudanças drásticas nas regiões nasal e facial do crânio para permitir uma ecolocalização mais especializada, enquanto o crânio do misticeto se adaptou para permitir a alimentação em massa de presas menores.
Ecolocalização refinada
Finalmente, entre 18 milhões e 10 milhões de anos atrás veio a evolução craniana altamente especializada, sobretudo em espécies como o cachalote. O refinamento da ecolocalização fez com que essas baleias dentadas não precisassem mais ver suas presas e pudessem mergulhar mais fundo e se tornarem alimentadores mais especializados. O estudo também revelou que ao longo de sua história os misticetos pareceram evoluir em um ritmo mais lento do que os odontocetos. Parece que os misticetos alcançaram uma morfologia ideal para alimentação por filtro e seus crânios não tiveram que mudar muito, exceto em tamanho, desde então.
“Uma coisa da qual estamos realmente orgulhosos com este estudo é a distribuição dos espécimes incluídos”, observou a Drª Coombs. “Para este estudo, fizemos um esforço preocupado a fim de incluir espécimes importantes do hemisfério sul, incluindo Peru e Nova Zelândia. Desta forma, esperamos dar uma visão precisa da evolução de um grupo que realmente conquistou o globo”.
Espera-se que trabalhos futuros possam utilizar essas descobertas enquanto estudam as mudanças ambientais para entender completamente a evolução das baleias e prever e proteger contra as mudanças que podem colocar em risco essas criaturas incríveis.
Fonte: Revista Planeta