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Crise moral ou inversão de valores?

Coluna — Na Minha Opinião

Recentemente fomos surpreendidos por uma história estranha, de uma mulher, cujo nome não é preciso revelar, que foi flagrada pelo marido enquanto praticava sexo com um mendigo, dentro do próprio carro, em local público, numa das ruas centrais de Brasília.
O esposo, segundo relataram os meios de comunicação, pensou que a mulher estava sendo vítima de violência sexual e espancou o mendigo, que foi pego com as causas nas mãos, no sentido literal da palavra. O caso ganhou grande repercussão na mídia, sendo divulgado por jornais, televisão e, principalmente, pelas redes sociais.

O que me chamou bastante a atenção foram os desdobramentos que os fatos tiveram, deixando escancarada a crime moral pela qual passa a nossa sociedade. Segundo matérias jornalísticas divulgadas posteriormente, o marido traído reconheceu que a mulher, pega em adultério, tinha problemas psicológicos e prestou todo o apoio que ela precisou para se tratar, acompanhando, inclusive, a internação dela em uma clínica psiquiátrica.
O mendigo, por sua vez, foi transformado em celebridade por uma sociedade doente, cujos valores morais estão em franca decadência. Depois que os fatos se tornaram públicos, o mendigo foi chamado para dar entrevistas a canais de televisão, onde relatou, de forma inescrupulosa, as cenas que contaram com a participação dele, ridicularizando perversamente a mulher, acometida por transtornos psíquicos.

Ele ainda apareceu em festas sociais e eventos, sendo divulgado que o mau-caráter estava fazendo dinheiro com a fama repentina que conquistou, cobrando cachês para se apresentar em festas ou enviar vídeos com mensagens para interessados em pagar pela sua atenção. Tudo isso só é possível num mundo onde os valores morais estão em decadência; onde o certo é considerado errado e o errado é enaltecido, ganhando notoriedade e reconhecimento público.
O marido traído, que agiu de forma humana, serena, sendo capaz de perdoar a traição e reconhecer a necessidade de tratamento da esposa, foi considerado um idiota, e não recebeu nenhuma deferência honrosa para com a atitude que tomou. O gesto de carinho dedicado à esposa, o apoio prestado no momento que ela mais precisou, até hoje, nem ao menos foi citado pelos jornais ou pelas redes sociais ou foi reconhecido pela grandeza do coração.

Por outro lado, o mendigo, além de ser transformado em celebridade momentânea, foi visto andando em carrões, aparecendo em festas e eventos sociais, com aparição em sacada de apartamento que, provavelmente, teve o aluguel pago com os recursos que conseguiu angariar através dos trabalhos obtidos a partir do alcance de sua imagem.
É correto pensar que nossa sociedade deveria valorizar a ação do marido que acolheu a esposa, do homem que apoiou àquela que, provavelmente, em seu momento de perturbação mental, acabou praticando uma ação irresponsável?
É correto pensar que o gesto do marido foi grandioso? e que muitos homens, ao qual eu me incluo, talvez não tivessem tamanha grandeza de coração para praticar uma ação tão nobre? Sendo capaz de perdoar quem lhe ofendeu profundamente, inclusive com a exposição ao ridículo e ao linchamento público de seu nome nas redes sociais?

Por outro lado, penso que o mendigo, não pela sua condição social, mas tão somente pela falta de postura, pela falta de humanidade, nenhum prestígio deveria receber, seja de forma pública ou de forma privada.
Penso que o mendigo deveria ser relegado ao esquecimento, sem ter a sua imagem divulgada nos meios de comunicação, para que voltasse o mais rápido possível à condição de anonimato e ao ostracismo social.
Assim caminha a humanidade, com os valores morais e sociais em franca decadência.

Delegado Federal Márcio Greik
Luzimara Fernandes

Luzimara Fernandes

Jornalista MTB 2358-ES

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