Solitude

Por Mário Vieira

Solidão amiga e fiel
companheira dos dias
vazios, irmã solidária e
canina da horas opacas,
sábia conselheira das
noites insones

Incômodo aguilhão
dos anos vencidos, seja
bem-vinda em minha
casa, sente-se e fique
à vontade
Tu, mesmo solidão silente
e taciturna, que sabemos
bem, não é amizade para
qualquer um, por isso não
faça cerimônia, pois há muito,
você já era esperada

Na verdade, em muito já
passou a hora bendita de
aprendermos logo a gostar
da nossa própria companhia
Neste jaez, imperioso se
revela, o recolhimento sereno
em momentos de paz e de
absoluto silêncio, para pelo
menos uma vez por dia, neste
mundo líquido, quem sabe,
calando nossa voz, possamos
ouvir o alarido da multidão
que nos habita

Parece mesmo que necessário
e urgente se faz, darmos um tempo
agora mesmo nesta loucura,
desacelerar e apagar as luzes
do mundo profano, descer do palco
do nosso próprio egoísmo
autocentrado e fechar os olhos
da alma, tentar nos concentrar
em processo meditativo profundo,
descer fundo no abismo de nosso
ser essencial e percorrer atento
o nosso deserto interior

Tudo indica, que Inadiável se
mostra a oportunidade benfazeja
de enfrentarmos nossos monstros,
medos, nossas taras, defeitos e
pendores, tudo através do
autoconhecimento, encarar com
coragem as nossas sombras
num processo individual e único
de autoiluminação
Por isto eu te digo, se achegue
mais amiga solitude, você já está
um tanto quanto atrasada, achei
até mesmo que não mais viria,
para fazermos um balanço geral
e um fechamento de contas

Não se preocupe tanto, você
chegou na hora certa, seja muito
bem-vinda vem ficar comigo em
definitivo, não faça cerimônia,
pois você já era esperada

Puxa o banco da paciência e toma
um trago comigo, vamos brindar a
sabedoria do tempo e falar de amor,
amizade, música, poesia, de flores, de
arte, de fé, de gratitude e nostalgia.
Tim-Tim!
(Direitos reservados ao autor)

capixaba, casado, autor e advogado