O que são as falsas memórias e como identificá-las
Entenda mais sobre as falsas memórias e porque elas são criadas
As falsas memórias são lembranças distorcidas ou completamente fabricadas, mas que parecem reais na mente do indivíduo. Exemplos desse fenômeno podem variar entre acontecimentos mundanos ou mais sérios, como a distorção de uma testemunha em um acidente.
Na maioria das vezes, as falsas memórias não são intencionalmente prejudiciais, mas apenas reconstruções de lembranças que não se alinham com acontecimentos reais. As memórias, embora pareçam sólidas, são propensas a mudanças e falácias constantemente.
O fenômeno é diferente de erros da memória, uma vez que são “consolidados” pela pessoa que o vivenciou — as falsas memórias envolvem um nível de certeza e validação. Assim, elas não se caracterizam como o esquecimento ou confusão de um evento, mas a lembrança de algo que não ocorreu.
Como o cérebro cria memórias?
As memórias são armazenadas em neurônios chamados de células de engrama. Elas ocorrem após o recebimento de informações e são armazenadas e diferenciadas nas memórias de curto prazo e memórias de longo prazo.
O primeiro armazenamento das lembranças ocorre na memória de curto prazo e, se necessário, depois são armazenadas na memória de longo prazo durante o sono. Contudo, elementos dessas memórias podem ser perdidos durante o processo, o que potencializa a consolidação de falsas memórias.
Acredita-se que cerca de 56% das informações são esquecidas após uma hora, 66% depois de um dia e 75% depois de seis dias. Assim, o indivíduo consegue acessá-las por um processo chamado de “recuperação da memória”.
Por que criamos memórias falsas?
Diversos fatores podem influenciar a criação de falsas memórias, como a desinformação e a atribuição errônea da fonte original da informação. Por outro lado, existem causas mais recorrentes que traduzem em sua formação, são elas:
- Sugestões: as sugestões são feitas por pessoas que questionam a ocorrência de certos acontecimentos, sugerindo informações para ajudar na lembrança de fatos;
- Emoções: uma pesquisa de 2020 indica que emoções negativas são mais efetivas na criação de falsas memórias que as emoções positivas ou neutras;
- Percepção distorcida: o cérebro guarda informações de acordo com o que é recebido. Porém, uma percepção imprecisa dos fatos pode substituir acontecimentos reais.
Quem cria as falsas memórias?
Por outro lado, alguns grupos de pessoas também podem ser mais suscetíveis a criação de falsas memórias. São eles:
- Testemunhas de acidentes ou outros acontecimentos traumáticos, como crimes;
- Pessoas traumatizadas — como já mencionado, emoções negativas podem ser mais eficazes na formação desse tipo de memória;
- Pessoas com TOC — o grupo é mais suscetível a ter déficit de memória ou pouca confiança nas próprias memórias;
- Idosos — o envelhecimento causa algumas lacunas e limitações na memória.
Como identificar falsas memórias?
A convicção e certeza que são resultantes das falsas memórias as tornam difíceis de identificar. De acordo com um estudo de 2018, as únicas pessoas capazes de reconhecer essas memórias são especialistas em memórias, e não os próprios indivíduos que as vivenciam.
Sem evidências concretas, é quase impossível diferenciar as falsas memórias de memórias verídicas. É possível, contudo, identificar possíveis estressores — como os mencionados anteriormente — para ganhar um entendimento maior sobre o que pode ter influenciado na criação dessas memórias.
Fonte: eCycle