Educação

66% dos diretores escolares municipais foram indicados ao cargo

Prática ‘eleitoreira’ precisa acabar. Cerca de 400 mil professores do ensino básico não têm licenciatura ou formação para a área que lecionam

Prática comum, mas que ainda assim choca e precisa urgentemente ser revista, é que 66% dos diretores de escolas municipais estão no cargo exclusivamente por indicação/escolha da gestão. Na rede estadual esse costume é de 23%. As informações foram divulgadas pelo Inep, no último dia 8, na coletiva de imprensa sobre os resultados do Censo Escolar 2022.

A prática de indicação de cargo é conhecida por estar atrelada à interesse eleitoreiro, deixando de lado a habilidade de gestão e pedagógica. Durante a coletiva, o ministro da educação, Camilo Santana, indicou que o MEC pretende realizar ação a nível nacional para evitar esse tipo de escolha. Enquanto nos municípios o mais comum é a indicação, nas escolas dos estados é o processo exclusivamente eleitoral com a participação da comunidade escolar, representando 31,9%.

O processo seletivo qualificado e eleição com a participação da comunidade escolar é a realidade de 17,3% das escolas dos estados e 4% dos municípios. Concurso público específico para o cargo nas escolas dos estados chega a 11,4% nos estados e nos municípios a 7%.

Mulheres continuam maioria na educação básica. Pelos dados do ano passado, o País possui 162.847 diretores e 2,3 milhões de professores que atuam em 178,3 mil escolas de educação básica. Em relação aos diretores, 80,7% são mulheres e 10% não possuem formação superior. Desses diretores, 19,3% têm curso de formação continuada em gestão escolar com no mínimo 80 horas.

O Censo Escolar é realizado anualmente. A partir da pesquisa é possível obter dados sobre escolas, professores, gestores, turmas e alunos do ensino regular, ensino integral, educação especial, EJA e profissional. Os dados são fundamentais no apoio às políticas públicas, uma vez que acabam fazendo uma espécie de ‘raios-x’ da realidade educacional, sendo base para estratégias no Ministério da Educação e outros setores.

Em torno de 400 mil professores do ensino básico não têm licenciatura ou formação para a área que lecionam. Precisamos construir estratégia para recuperar [a qualificação desses profissionais]”, reconheceu o ministro da Educação, Camilo Santana.

Nos anos inicias, mais de 70% dos professores possuem licenciatura ou bacharelado na mesma disciplina que lecionam — tido como o ideal — apenas os de língua estrangeira estão fora desse quadro, sendo 34,4% com esse tipo de formação. Professores de educação física são os que estão mais alinhados, compondo 83,3% dessa realidade. Em seguida vem os de língua portuguesa, com 77,6%. Já os professores de geografia são os que mais lecionam sem formação superior, representando 15,1%. Os de história estão em segundo, com 14,8% sem formação superior.

Já nos anos finais há uma mudança considerável: a formação tida como a ideal cai e ganha destaque a licenciatura ou bacharelado em disciplina diferente daquela que leciona. Dos professores de geografia, 26,3% estão nesse enquadramento. Os de matemática chegam a 24%.

Grande parte desses professores, sobretudo nos anos finais, é o pedagogo atuando na disciplina de física, química, é aquele que não teve formação inicial”, explicou Carlos Moreno, diretor de estatísticas educacionais no Inep.

Fonte: Revista Educação

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