Comportamento & Equilíbrio

Alienação parental, pedofilia, violência, barbarismo, a perversidade — Parte VI

A pedofilia, a necrofilia e a zoofilia, são desvios de caráter que levam à ilusória sensação de Poder Absoluto

Quando coloco na mesma linha esse termo, alienação parental, inventado pelo Gardner, defensor e praticante de pedofilia, acrescido de violência e barbarismo, no bojo da perversidade, estou tentando lançar um pouco de luz nessa área de trevas humanas. Difícil buscar a razoabilidade na diferença gritante entre o tratamento para com homens e mulheres. Crianças? Essas só têm protagonismo jurídico quando se tornam midiáticas, causando comoção social. Algumas, como as que foram assassinadas hoje a machadinha nas mãos de um homem em surto psicótico, outras nas mãos de seus genitores, como nos inúmeros casos de tantas torturadas que não resistiram às graves lesões.

Podemos minimizar dizendo a infundada atribuição de ser “doença”. Recentemente, voltou essa imprecisão ao chamar pedófilo de doente. Este é um benefício que rende bem para os pedófilos. Uma vez sendo classificado como doente, ele adquire privilégios, mais ainda, que vão lhe garantir a nociva convivência com sua presa sexual, a Criança. Não é doença, não tem tratamento. Há regras e procedimentos a serem seguidos para diminuir a incidência e, portanto, diminuir a quantidade de sequelas permanentes que causa. Mas não é doença. A anomalia de caráter em meio à frieza de afeto e à incapacidade de sentir empatia pelo outro, principalmente, o outro vulnerável, é impermeável.

Assassinatos de crianças têm assustado (Foto: Reprodução/Correio Braziliense)

Pela intensa vivência de impotência, a pedofilia intrafamiliar é classificada, juntamente com a violência física, também intrafamiliar, como as duas formas de violência que são tipificadas como Exposição de Extremo Estresse. Por sua característica de repetição imposta pela convivência diuturna com seu agressor, e, considerando o tempo de desenvolvimento em que ocorrem, essas formas de violência são predadoras.

A pedofilia, a necrofilia e a zoofilia, são desvios de caráter que levam à ilusória sensação de Poder Absoluto. A Criança, o morto/a, ou o animal, não dizem “não” à investida sexual de um homem. Hoje, assistimos no noticiário a divulgação de mais um Feminicídio porque a mulher disse “não” ao marido. Morta com muitas facadas, na frente de sua filha de um ano e meio, por dizer não ao sexo naquele momento.

Brasil teve quase cinco mil crianças mortas de forma violenta em 2019 (Foto: Getty Images)

O que há de tão insuportável em ser frustrado por uma mulher? Por que insistir numa soberania que usa a força física? Já se tornou clichê o motivo dos Feminicídios: “não se conformou com o término do relacionamento”. Então mata?
Mais intrigante ainda é constatar que essa onda de Poder como se fosse um prazer corporal, embebeda mulheres também. Constatamos com pesar uma quantidade de mulheres misóginas. Se não matam, falam frases como: “se chega cheia de provas do abuso do filho, eu já tasco uma alienação parental, logo de cara”. Uma Promotora. Fica evidente que o Poder, o “quem pode mais”, exerce uma enorme atração entre mais frágeis, medrosos e imaturos, usando os instrumentos que deveriam servir para garantir a Proteção, como arma contra quem já foi vitimada.

Sabemos que a eficácia do ciclo de opressão, e, claro, de violência, contra a mulher e a Criança, assim como os demais vulneráveis, alvo dos que buscam esse prazer do Poder Absoluto que massacra o outro. Estamos tentando mudar. Leis são fundamentais, temos boas leis. Mas precisamos cumpri-las. Se entre os Operadores de Justiça, encontramos pessoas que não respeitam, que decidem por preconceitos, “toda mulher é louca”, ou o timbre grave/masculino tem mais valor e é mais fidedigno que o feminino, ou um estuprador e torturador “não precisa ficar preso porque não oferece perigo” (sic).

Brasil teve quase cinco mil crianças mortas de forma violenta em 2019 (Foto: Reprodução)

A resposta a esse ciclo de massacre ainda é muito pequena porque toda resposta, mesmo que tímida, é tratada com uma grande retaliação. Mais opressão institucional, perda aumentada. Contudo, algumas mulheres/Mães têm enfrentado e, aqui e ali, uma Reclamação Disciplinar/Criminal por Violência Institucional, Violência Psicológica, Abuso de Autoridade, Violação de Leis e Tratados Internacionais, Violação do ECA e da CF, pedindo ajuda às Corregedorias, contrariando o famoso e corriqueiro “cala a boca”. A Violência Institucional que desmantela a cidadania é devastadora. É bicho feroz solto, porquanto não se tem a devida responsabilização.

Ninguém explica a justificativa de uma mãe perder a guarda de um filho ou filha porque fez a necessária e obrigatória denúncia de abuso sexual intrafamiliar, (art. 13 do ECA), e pior, ser obrigada a fazer visita monitorada a esse filho na casa do genitor, que praticava violência doméstica contra ela. De onde saiu a fundamentação científica de uma decisão desse tipo? A mãe se tornou, até então não era, de alta periculosidade que não pode chegar perto da Criança que gestou, amamentou, cuidou, se não estiver sendo vigiada? É enlouquecedor. Para atender as determinações do pai, vale tudo, descumprir leis e Tratados Internacionais. Até mesmo a Lei da Natureza, o Direito a ter Mãe.

Assim, vamos reproduzindo essas atrocidades, e ensinando para nossos pequenos. Quando vemos uma cena em que Crianças praticam a violência da discriminação, com deboche contra uma menina portadora de autismo, verificamos que ter a lei da inclusão não é suficiente. É preciso inaugurar a Cultura do Respeito pela diferença que todos temos entre nós. Todos somos diferentes. Mas, deveríamos todos ser humanos.

Ana Maria Iencarelli

Ana Maria Iencarelli

Psicanalista Clínica, especializada no atendimento a Crianças e Adolescentes. Presidente da ONG Vozes de Anjos.

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