Brisa leve


Já era tarde e o vento fraco
Esgueirava-se matreiro pelo
Cume das rochas, enquanto
Que os raios fugidios do sol
Davam os seus últimos suspiros
Do dia
E assim, mansamente, outra
Tarde findava-se no lindo vale
Ao pé da serra, a luz mais uma
Vez saía de cena, dando vez às
Estrelas e cerrava, sem pena, as
Cortinas de mais um espetáculo
Da terra

O cenário era indizível, tipo
Quadro de parede, lindo e
Paradisíaco, o amor pairava
No ar e reinava um silêncio
Majestoso, as línguas estavam
Cansadas e os pássaros
Buscavam, aflitos, os seus ninhos
As cores eram vivas e as flores
Estavam mais belas do que
Nunca e, por mera graça e
Deleite, espargiam, contentes,
O seu perfume, a sua beleza
E a sua suavidade por toda a
Estância longínqua

Por instantes, me pareceu
Que o tempo havia parado e
Que o descanso era o único
Salário que o corpo exaurido
Pedia, e como se não bastasse,
Para melhorar o ambiente,
Uma leve brisa furtiva seguia
Refrigerando toda a noite
Clara que se avizinhava
A sensação era de paz
E de dever cumprido, o dia
No campo fora de trabalho
Duro e exaustivo, aramos a
Terra, molhamos e plantamos
Sementes, alimentamos os
Bichos e regamos as flores,
Tomamos café no bule
Moído na hora, comemos
Milho assado e tomamos
Canjica quente

Fizemos amor nos intervalos
Da lida, o corpo jazia moído,
Mas o espírito estava feliz,
Ele emancipava do corpo,
Dava voltas e flutuava pelo
Rancho, corria pelas estepes
Da vila, satisfeito e impune
E a alma alegre balançava
Faceira feito menina traquina,
Que depois de muito pular,
Relaxa e repousa na rede da
Estância florida, lendo bons
Livros de romance, de história
E de filosofia

Tomamos vinho, rimos um
Do outro, falamos dos filhos
E dos planos e pensamos na
Vida e nos netos que um dia
Hão de vir, escrevi para ela mil
Poemas e poesias sem fim,
Ouvimos músicas boas e a
Voz de Deus a nos falar nas
Consciências tranquilas