Saúde

Cientistas criam célula que libera insulina ao som de rock

Por Bárbara Giovani

Se você é diabético, aqui vai uma pergunta: o que você acharia de controlar a liberação de insulina em seu organismo através da famosa canção “We Will Rock You”, da banda Queen? Parece bizarro, mas isso será possível no futuro. Um grupo de pesquisadores da ETH Zurique, na Suíça, criou uma célula que produz insulina. A ideia é que ela seja encapsulada e implantada no corpo de pessoas com diabetes.
Quando é necessário, as células liberam insulina na corrente sanguínea, mantendo o funcionamento normal do organismo. Mas, para isso, elas precisam ser ativadas de alguma forma. Até agora, os principais gatilhos testados foram luz, temperatura e eletricidade. Contudo, os pesquisadores encontraram outra possibilidade: a música.

Para que as células produtoras de insulina sejam ativadas com ondas sonoras, os pesquisadores se basearam em um mecanismo comum em animais e bactérias. Eles usaram um tipo específico de proteína localizada na membrana da bactéria E. coli, responsável pela regulação da entrada de íons de cálcio no interior das células.

Essa proteína responde a estímulos mecânicos e, por isso, pode gerar uma ação a partir de ondas sonoras. Quando implementada na célula que produz insulina, a proteína faz com que essas células criem o canal de íons por si mesmas e o incorporem em sua membrana.
Assim, as células desenvolvidas pelos pesquisadores podem ser ativadas com uma música. Isso leva a uma reversão de carga na membrana celular, que, por sua vez, libera insulina de dentro para fora da célula. Mas nem tudo é tão simples assim: para garantir o funcionamento adequado, os cientistas tiveram que determinar quais frequências e níveis de volume ativavam mais fortemente a ação desejada.

Eles chegaram à conclusão que níveis de volume em torno de 60 decibéis (dB) e frequências graves de 50 hertz eram as mais eficazes. Não à toa, o rock foi o gênero musical que melhor ativou a célula que libera insulina. A canção “We Will Rock You” do Queen realmente foi um sucesso no teste e desencadeou uma ativação da célula comparável à resposta natural de um organismo saudável à glicose. Além disso, o mecanismo não é ativado com qualquer ruído ambiente.

Nossas células projetadas liberam insulina apenas quando a fonte sonora com o som certo é tocada diretamente na pele acima do implante”, explicou o autor da pesquisa, Martin Fussenegger, em comunicado. 

Nos testes em camundongos, a liberação do hormônio não foi desencadeada por como o barulho de aviões, cortadores de grama, sirenes de bombeiros ou conversas.
Para a segurança do processo, as células levam quatro horas para reabastecer sua carga de insulina. Dessa forma, mesmo que elas fossem expostas ao som em intervalos de uma hora, não seriam capazes de liberar uma carga completa de insulina. Contudo, sua aplicação clínica está longe de ser uma realidade. O primeiro passo foi dado com a publicação do estudo na revista The Lancet. Agora, é preciso que uma empresa farmacêutica se interesse e invista na produção.

Fonte: GizModo

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