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Dia Internacional da Conscientização da Perda Gestacional e Neonatal

Por Gracci Farias

15 de outubro, Dia Internacional da Conscientização da Perda Gestacional e Neonatal, um dia destinado a mostrar apoio, educar e conscientizar aqueles que estão sofrendo ou podem conhecer alguém que sofreu um aborto espontâneo, um natimorto ou a perda de uma criança.
O presidente Ronald Reagan proclamou outubro como o mês nacional de conscientização sobre gravidez e perda infantil. Ele era conhecido por ser um dos primeiros presidentes a mostrar apoio às famílias afetadas.
“Quando uma criança perde um dos pais, ela é chamada de órfã. Quando um cônjuge perde o companheiro, fica viúvo. Quando os pais perdem os filhos, não há palavras para descrevê-los…simplesmente que ainda são pais”, presidente Ronald Reagan
As estatísticas mostram que um a cada quatro mulheres são afetadas pela perda do filho na gravidez, perda neonatal ou em casa. Quase dois milhões de bebês nascem mortos todos os anos, o que equivale a um natimorto a cada 16 segundos, revelam estimativas divulgadas por agências da ONU e parceiros.
A pesquisa envolveu o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Organização Mundial da Saúde (OMS), Banco Mundial e Divisão de População do Departamento Econômico e Assuntos Sociais da ONU.

A interrupção da gravidez é um problema mais comum do que se pode imaginar. No Brasil não há dados divulgados sobre o caso, porém especialistas (ginecologistas e obstetras) estimam que o aborto espontâneo atinja cerca de 15% a 20% das gestações até a 22ª semana.
A morte de um filho antes do nascimento, geralmente, representa grande perda para os pais, especialmente para a mãe (Nazaré, Fonseca, Pedrosa & Canavarro, 2010). A morte em nossa sociedade é um grande tabu, e quando se trata da morte de bebês, esse assunto é ainda mais velado.

A morte de um filho representa uma inversão da ordem natural da vida e passar por essa experiência é algo avassalador. A sociedade não sabe como lidar com essas situações, gerando uma série de danos às mães e aos pais, que, para além da dor dilacerante de perderem seus filhos, têm que lidar com falhas no atendimento hospitalar ou equívocos desastrosos de amigos e familiares. Quem perde um bebê durante a gestação ou logo após o seu nascimento, vive um luto visibilizado, afinal, como sentir falta de alguém com quem não se compartilhou memórias?

“24 anos somente eu tinha na época, e a primeira perda veio, e o que ouvi foi que era normal perda na primeira gestação, foi feita curetagem e, depois disso, não conseguia mais engravidar, foi de 2007 a 2019 tentando e trocando de médicos, (23 ginecologistas) fora os especialistas…diziam está tudo normal.
Em agosto de 2019 encontro um anjo, fui já esperando o pior e, talvez, indicação só de FIV, ou seja, já tinha 36 anos, mais a ovulação sempre certa e reserva ovariana ótima. Ela olhou o exame das trompas e jogou o laudo de lado, pediu as imagens! E já deu o diagnóstico… Bora pra cirurgia!
Suas trompas estão altas e fixas por isso não engravida mais… em dezembro de 2019 estava eu operada e em repouso de 15 dias, e tive que esperar três meses pra voltar as tentativas!
Primeiro mês de tentativa pós-cirurgia, e um positivo lindo, GRÁVIDA! ALEGRIA nos inundou… Nem me lembrei da perda de 2007, fizemos primeira ultrassom 6S2D tudo normal, coração a mil. Uma semana depois Deus me incomodou dizendo, faz uma ultrassom amanhã, acordo e deixo meu esposo doido, vamos, vamos preciso ver o bebê….
Chegando, confirma tudo, o coração do BEBÊ parou exatamente quatro dias após a primeira ultra, começa ali meu desespero e angústia mais uma vez… Estamos nos reerguendo, um dia de cada vez, pois essa missão de ser pais de anjos que foi nos dada exige muito de nós!”
Aline e Adenilson, Serra/ES, pais de quatro anjinhos, e da pequena IZZIE que nasceu e voou para Deus no último dia 30/05/2023.

Perda e luto

A perda de um bebê ainda durante o período gestacional causa reações diversas, comumente, muito sofridas. Para um número significativo de mulheres, este tipo de perda é um acontecimento significativo que envolve memórias do passado e expectativas para o futuro, principalmente quando a gestação é planejada (Carvalho & Meyer, 2007; Farias & Villwock, 2010).

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define a morte fetal como: ‘A morte do produto da gestação antes da expulsão ou de sua extração completa do corpo materno, independentemente da duração da gravidez. Indica o óbito o fato de, depois da separação, o feto não respirar nem dar nenhum outro sinal de vida como batimentos do coração, pulsações do cordão umbilical ou movimentos efetivos dos músculos de contração voluntária1’ (Brasil, 2009, p. 22).

De acordo com Fretts (2005), existem vários fatores associadas ao óbito fetal, que incluem doenças maternas, malformações fetais. São milhares de mães e pais que saem do hospital de mãos vazias. Famílias fazendo preparativos para o funeral em vez de anúncios de nascimento. Famílias que nunca mais serão as mesmas.

Está cada vez mais comum, infelizmente, mas não pode ser considerado algo normal. O protocolo atualmente é de se investigar só após o terceiro aborto. Não dá pra entender tal conduta, quem passou por essa situação sabe o quão difícil, doloroso e sofrido é estar dentro desta estatística.

Então tenha mais empatia ao conversar com mulheres que já passaram por isso. Frases do tipo: ‘já já você ficará bem!’. ‘Ainda bem que foi no começo’; ‘melhor agora do que com mais tempo’, ‘Deus quis assim (por muito tempo acreditei nessa frase)’, ‘não era um bebê ainda’, podem ser substituídas por um abraço acolhedor já que causam sofrimento e não conforto. Respeite a dor do outro. As noites são difíceis, mas existem outras na mesma situação e dividir a experiência pode confortar e consolar quem está vivendo o mesmo momento.

Gracci Farias
Fundadora do Vencendo a trombose e trombofilia

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