Ciência

Afinal, quando os humanos começaram a falar?

Até hoje, os cientistas não entraram em consenso sobre como e quando as primeiras palavras foram proferidas por nós

Por Rodrigo Mozelli 

Desde sempre, nós, humanos, amamos falar (ao menos a maioria). Segundo o IFL Science, uma pessoa média fala milhares de palavras por dia e é uma parte primordial de como nos comunicamos com outro humano. Contudo, ninguém sabe dizer, com total precisão, quando começamos a falar (pelos cotovelos). Os pesquisadores ponderam e discutem isso há tempos, obtendo algumas respostas para essa grande questão.
Um dos elementos essenciais para propiciar a fala humana é a laringe (ou caixa de voz, como é popularmente conhecida). Ela se situa no pescoço, acima da traqueia e acolhe as cordas vocais, que se juntam e vibram conforme o ar passa, causando a produção de som.
Dessa forma, a evolução da laringe virou foco de muitas pesquisas que tentam descobrir o início da fala humana. A explicação mais aceita é a teoria laríngea, proposta pelo cientista Philip Lieberman. Ela diz que, diferente de outros animais, os humanos têm laringe descendente, significando que ela se situa bem longe do palato mole que separa a cavidade nasal da garganta. Essa condição nos dá a capacidade única de produzir os sons necessários para fala e linguagens.

Em um artigo, o cientista pontuou que sua estrutura anatômica estava ausente nos Neandertais e outros humanos antigos, surgindo somente em fósseis datados de cerca de 50 mil anos. O argumento de Lieberman é que a fala começou mais ou menos naquela época, apesar de a linguagem, como conhecemos hoje, ainda não estava presente.

Porém, alguns pesquisadores não estão contentes com a teoria tradicional. Louis-Jean Boë, autor de estudo que desmente a teoria de Lieberman, em entrevista ao CNRS News, afirmou o seguinte:

A teoria laríngea é um conceito muito poderoso que busca explicar por que os humanos podem falar devido à sua evolução tanto como espécie quanto como indivíduos. O problema, como demonstramos após 20 anos de pesquisa multidisciplinar, é que não há fundamento válido para esta teoria”.

Essa teoria poderia mudar por completo a estimativa aceita atualmente sobre quando os humanos começaram a falar. Em seu artigo, Boë e seus colegas argumentam que a laringe descendente não é vital à nossa habilidade de formar os sons das vogais (nesse caso, “a”, “i” e “u”) e os padrões essenciais para a fala. Como resultado, o grupo de pesquisadores sugere que o início da fala pelos seres humanos pode ter começado mais tarde — mais de 20 milhões de anos, uma mudança bem brusca.

As pesquisas continuam, com outros cientistas não concordando com essas teorias e investigando por conta própria, tentando mostrar que seu próprio argumento é o verdadeiro. Resta saber se, algum dia, vamos descobrir, de uma vez por todas, quando começamos a falar as primeiras palavras da história.

Fonte: Olhar Digital

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