Roupa velha
Todos nós
Temos uma peça
De roupa velha
Que já não nos
Cabe mais
Aquele calçado
Antigo que nos
Abraça os pés e
Que nos contorna
Os calos
Um chinelo feio
E macio, fora de
Moda, mas, do
Qual, nunca, jamais
Nos desfazemos
Uma coberta
Ou um pedaço
De pano antigo
Desgastado e
Carcomido pelo
Tempo que nos
Serve de abrigo
Aquele roupão
Grosso e que
Mantemos por
Anos e anos a fio,
Incólumes, em um
Guarda-roupas
Um velho pijama
Listrado e felpudo
Que nos abraça
Forte e que nos
Consola por inteiro
Aquela boa e velha
Roupa de mendigo
Que usamos em casa
E da qual ensaiamos,
Mas nunca desapegamos
Aquele travesseiro
De herança e com
Cheiro de vó, uma
Boneca preguiçosa,
Uma almofada de
Crochê e uma colcha
De retalhos costurada
À mão e feita com amor
Um trapo ou um
Farrapo quentinho,
Além de uma meia
Grossa e furada que
Nos esquenta os pés
Calejados da batalha
Um pedaço de pano
Qualquer que esquenta
O corpo e aquece a alma
Nos dias vazios, nas noites
Mais frias e nas tardes
Mais sós