Meio ambiente

A fascinante descoberta de 100 novas espécies marinhas na Nova Zelândia

Por Flavia Correia

Em um desfiladeiro oceânico profundo ao longo da costa leste da Ilha Sul da Nova Zelândia, até então desconhecido pelos olhos humanos, cientistas ficaram surpresos ao descobrir mais de 100 novas espécies marinhas — uma mais intrigante que a outra.
A revelação ocorreu durante uma expedição de três semanas a bordo do navio de pesquisa Tangaroa, operado pelo Instituto Nacional de Pesquisa de Água e Atmosfera da Nova Zelândia (NIWA).
Composta por 21 cientistas, a expedição, que faz parte do programa Ocean Census, uma aliança global de proteção à biodiversidade oceânica, adentrou esse trecho remoto do hemisfério sul no intuito de documentar novas formas de vida marinhas, e os resultados superaram as expectativas.

Percorrendo cerca de 800 km, em profundidades que atingiram até 4.800 metros, os pesquisadores coletaram aproximadamente 1.800 amostras. A análise dos espécimes coletados ainda está em andamento, mas a equipe diz que a expectativa é identificar mais de 100 novas espécies, abrangendo de moluscos a peixes, camarões, cefalópodes e até mesmo um novo gênero de coral.
Em um comunicado, o professor Alex Rogers, diretor científico do Ocean Census e um dos líderes da expedição, explicou o que mais o surpreendeu na descoberta.

Parece que temos uma grande quantidade de espécies novas e desconhecidas. Quando todos os nossos espécimes forem examinados, estaremos ao norte de 100 novas espécies. Mas o que realmente me surpreendeu aqui é o fato de que isso se estende a animais como peixes — achamos que temos três novas espécies de peixes”, disse Alex Rogers, diretor científico do Ocean Census.

Algumas das 100 novas espécies descobertas na costa da Nova Zelândia (Foto: Ocean Census)

Sadie Mills, bióloga marinha do NIWA e também colíder dessa expedição, ressaltou a diversidade das espécies encontradas, destacando a presença de peixes, caracóis, corais e pepinos-do-mar, todos representando descobertas científicas significativas.

Um espécime em particular tem intrigado a equipe, gerando dúvidas se poderia ser uma estrela-do-mar, uma anêmona do mar ou uma criatura semelhante a um zoantídeo. No entanto, nenhuma dessas categorias parece ser adequada para descrever essa criatura misteriosa.

Michela Mitchell, taxonomista da Rede de Museus de Queensland, estado australiano, explicou que, embora inicialmente tenham considerado a possibilidade de ser uma nova espécie de octocoral, existe a chance de ser um novo gênero ou mesmo um grupo totalmente inédito na classe Octocorallia. Esta descoberta promissora contribuiria significativamente para a compreensão da biodiversidade peculiar do fundo do oceano.

Estima-se que atualmente 91% das espécies oceânicas permanecem desconhecidas para a ciência, enquanto mais de 80% do oceano ainda não foi mapeado e explorado. Nesse contexto, iniciativas como o Ocean Census, fundado pela Fundação Nippon do Japão e pelo grupo britânico Nekton, buscam documentar 100 mil novas espécies em uma década, antes que sejam potencialmente perdidas devido aos desafios enfrentados pelos oceanos, como poluição, pesca excessiva e mudanças climáticas.

Recentemente, o Schmidt Ocean Institute, atualmente realizando expedições ao longo das Américas para mapear todo o fundo do mar, anunciou a descoberta de 100 novas espécies marinhas na costa do Chile. Vale ressaltar que tanto o Schmidt Ocean Institute quanto o NIWA são parceiros do Ocean Census, canalizando seus esforços conjuntos para alcançar a ambiciosa meta de 100 mil novas espécies até o final da década.

Fonte: Olhar Digital

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