Cultura

No porto

Depois de tanto
Navegar pelos
Mares bravios
Do mundo,
Finalmente, eu
Avisto o porto

Vencidas guerras
E batalhas sem
Fim e sufocadas
Milhares de revoltas
Íntimas, o meu
Espírito aventureiro,
Enfim, divisa o cais

Após superar
Turbulências,
Tempestades
E maremotos
Com altivez e
Com coragem,

Depois
De suportar o
Entrechoque
Feroz das paixões

Uma vez,
Vencida a luta
Cruel do ego
Contra o self,
Do amor contra
A paixão e
Logrado êxito
No embate entre
O espírito e a matéria

Finalmente,
A alma viajora
Vislumbra a praia
E percebe a marina
Idealizada

Vê surgir,
Em meio à neblina,
O porto seguro tão
Sonhado, o píer dos
Corações enamorados,
O velho ancoradouro
E o cemitério dos
Barcos naufragados

E, logo agora,
Que a idade chegou
E o sessenta bateu
À porta, logo agora
Que o mar serenou

Eu levanto a âncora
E iço novamente as
Velas do barco, pois,
A alma irrequieta
Do velho lobo do mar
Já não mais sabe se
Quer partir ou quer ficar

Mário Vieira

Mário Vieira

Capixaba, casado, autor e advogado

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