Comportamento & Equilíbrio

Você está sempre com a cabeça nas nuvens? Existe uma explicação

Se sonhar acordado atrapalha seu dia a dia, pode ser uma condição: a Síndrome de Desengajamento Cognitivo

Por Nayra Teles

Você já se pegou sonhando acordado em situações que não deveria? Esse hábito é comum para todo mundo, mas se começa a afetar a sua vida a ponto de não conseguir, por exemplo, ter um bom desempenho acadêmico ou se relacionar com outras pessoas, pode ser uma condição neuropsiquiátrica: a Síndrome de Desengajamento Cognitivo (SDC).
A Síndrome de Desengajamento Cognitivo foi descrita pela primeira vez nas décadas de 60 e 70. Ela é caracterizada pela falta de foco extremo, mas, apesar de ser associada ao TDAH, não é gerada pela impulsividade e hiperatividade. As pessoas com SDC, na verdade, possuem um ritmo cognitivo lento, ou seja, o cérebro delas processa informações numa velocidade menor. Entre os sintomas podem haver sonolência, excesso de devaneios, desmotivação, confusão, lapsos de atenção, entre outros.

Por enquanto, a síndrome ainda não é reconhecida como um “transtorno de atenção”, mas pesquisas recentes sugerem que deva ser avaliada como uma condição separada do TDAH. Um dos principais fatores que logo despertam a atenção de pais e professores é o comportamento das crianças. Elas frequentemente parecem “fora de si”, com o olhar distante e desatento. Além disso, demoram para responder perguntas e realizar tarefas. Não necessariamente possuem algum déficit de aprendizagem; seu cérebro apenas funciona num ritmo diferente, mais lento.

Muitos desses sinais juntos e recorrentes levam ao diagnóstico da Síndrome de Desengajamento Cognitivo. No entanto, o processo de diagnóstico da condição pode ser um desafio, já que não existem critérios oficiais para defini-la. Normalmente, os especialistas usam questionários e fazem observações para avaliar os sintomas conjuntamente.

Um dos tratamentos que podem melhorar a qualidade de vida das pessoas com SDC é a terapia cognitivo-comportamental (TCC). Mudanças no estilo de vida, como uma rotina de sono estável e a prática de atividade física regular, também podem ajudar.

Os sintomas da Síndrome de Desengajamento Cognitivo são frequentemente confundidos com preguiça e falta de esforço. Até mesmo médicos, por falta de conhecimento sobre a condição, fazem esse mesmo julgamento. Apesar disso, estima-se que a SDC possa ser tão comum quanto o TDAH e afetar cerca de 5% a 7% das crianças.

Sofia Barbosa Boucas, professora de psicologia na Brunel University London, acredita que o conhecimento sobre a condição é fundamental para evitar que pessoas não diagnosticadas continuem sofrendo com estigmas.

Ao reconhecer que o comportamento da SDC não é apenas uma peculiaridade — ou uma tentativa de mostrar que você é legal demais para se importar — mas indicadores potenciais de um problema mais amplo, podemos dar mais suporte às pessoas no gerenciamento de seus sintomas e na melhoria de sua qualidade de vida”, diz Sofia Barbosa Boucas em publicação no The Conversation.

Fonte: Olhar Digital

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