Novo laser promete tornar comunicação entre a Terra e o espaço mil vezes mais rápida
Projeto de laser na Austrália promete revolucionar a comunicação global; sistema já está em testes e funcionando
Por Lucas Soares
Com cada vez mais satélites em órbita, otimizar a comunicação da Terra com o espaço é cada vez mais crucial. Isso quem diz é a equipe da Universidade da Austrália Ocidental, que desenvolve um laser que promete aumentar a velocidade desse contato em mil vezes.
O número pode parecer absurdo, mas ele foi alcançado nos primeiros testes feitos pela equipe no protótipo do sistema que se comunicou com um satélite alemão no espaço. A iniciativa TeraNet usa lasers em vez de sinais de rádio sem fio tradicionais, para transferir dados entre satélites no espaço e usuários na Terra.
Segundo a universidade, um laser pode potencialmente transferir dados a 1000s de gigabits por segundo, já que eles operam em frequências muito mais altas do que rádio, então muito mais dados podem ser compactados em cada segundo.
Os pesquisadores dizem que o espaço já abriga satélites há quase sete décadas e nos últimos anos, com a entrada de empresas privadas no setor, o número de satélites em órbita está aumentando exponencialmente, por isso pensar em soluções de comunicação mais rápidas do que o rádio pode ser crucial para o futuro da exploração espacial.
Os testes foram feitos usando um laser no Centro Internacional de Pesquisa em Radioastronomia (ICRAR), que se comunicou com o OSIRISv1, uma carga útil de comunicação a laser do Instituto de Comunicações e Navegação do Centro Aeroespacial Alemão (DLR). O OSIRISv1 está instalado no satélite Flying Laptop da Universidade de Stuttgart.
Inicialmente, o sistema é pensado para ser aplicado na Austrália, mas nada impede uma expansão no futuro. “Esta demonstração é o primeiro passo crítico para estabelecer uma rede de comunicações espaciais de próxima geração em toda a Austrália Ocidental. Os próximos passos incluem unir esta rede a outras estações terrestres ópticas atualmente em desenvolvimento na Austrália e em todo o mundo”, disse o Professor Associado Schediwy, ao site da instituição.
O sistema de comunicação a laser também tem problemas
A desvantagem, de acordo com os cientistas, é que os sinais de laser podem ser interrompidos por nuvens e chuva. A equipe da TeraNet está mitigando essa desvantagem, estabelecendo uma rede de três estações terrestres espalhadas pela Austrália Ocidental. Isso significa que se estiver nublado em um local da estação terrestre, o satélite pode baixar seus dados para outro local com céu limpo.
Além disso, uma das duas estações terrestres que receberam o sinal de laser do satélite é construída na traseira de um caminhão personalizado. Isso significa que ela pode ser rapidamente implantada em locais que precisam de comunicações espaciais ultrarrápidas, como comunidades remotas onde os links de comunicação tradicionais foram cortados devido a desastres naturais.
Uma vez implantado no mundo todo, o sistema global de comunicação por laser pode permitir downloads ultrarrápidos e contínuos diretamente de dados dos satélites. A tecnologia pode ainda ser usada para comunicação no espaço profundo, comunicações coerentes de ultra-alta velocidade, comunicações com segurança quântica e posicionamento e temporização óptica.
Fonte: Olhar Digital