Paleo & Arqueologia Religião

Cientistas revivem árvore bíblica com semente de mil anos achada na Judeia

Por Jorge Marin

Uma semente com mais de mil anos, encontrada em um deserto da Judeia durante a década de 1980, foi plantada e cultivada por uma equipe internacional de botânicos, agricultores e historiadores. Surpreendentemente, a árvore brotou e cresceu, e seu DNA é compatível com um gênero de árvore já extinta, mas mencionada na Bíblia.
Publicado na revista Communications Biology, o estudo descreve toda a epopeia da semente, batizada de “Sabá” pela equipe, desde o local onde foi encontrada, até o trabalho de pesquisa para apurar suas origens e, finalmente, o que eles aprenderam sobre sua história, à medida que ela brotava e se transformava em uma árvore adulta.

Desenterrada durante escavações arqueológicas de uma caverna no deserto da Judeia, a semente foi considerada viável e plantada em 2010. Hoje a árvore está madura e tem três metros de altura, com folhas verdes em seus galhos. Segundo os autores, o seu tipo está extinto atualmente.

Sabá foi identificada pelos pesquisadores como pertencente ao gênero Commiphora, que abriga várias espécies conhecidas por produzirem resinas aromáticas valiosas, usadas em perfumes, medicamentos e incensos, como o olíbano e a mirra. Como Sabá ainda não floresceu, não dá para saber mais sobre suas características reprodutivas.

A semente da qual Sabá foi gerada foi datada entre 993 e 1202 d.C. Embora exames de DNA e análise filogenética tenham confirmado que a árvore é aparentada com a Commiphora angolensis, a C. neglecta e a C. tenuipetiolata, ela se mostrou uma espécie totalmente desconhecida dentro do gênero. É possível que Sabá seja uma sobrevivente de árvores da região do Levante Meridional, hoje Israel, Palestina e Jordânia.

A autora principal do estudo, Sarah Sallon da Organização Médica Hadassah, de Israel, sugeriu que Sabá pode ter sido o histórico “bálsamo da Judeia”, uma árvore icônica, famosa pela sua fragrância na antiguidade. Mas a ausência de compostos aromáticos na nova árvore jogou a teoria por terra.

Refutada a teoria de bálsamo da Judeia, restou uma segunda hipótese, a de que Sabá seria a planta da qual o “tsori” bíblico foi extraído. Referida como um bálsamo ou unguento utilizado para fins medicinais, essa substância é citada no Antigo Testamento, em passagens como Jeremias 8:22, onde é chamada de “bálsamo em Gileade”.

A teoria de que Sabá pode ser um exemplo revivido da árvore do tsori é apoiado pelo fato de a semente ter sido achada no vale do Rift do Mar Morto, ao norte da antiga Gileade. Uma análise fitoquímica das folhas e da resina da nova árvore revelaram a presença de triterpenoides pentacíclicos, com propriedades cicatrizantes, anti-inflamatórias, antibacterianas e anticancerígenas.

Fonte: Mega Curioso

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