Por que o tempo parece passar mais rápido à medida que envelhecemos?
Por Pedro Freitas
Você já parou para pensar por que os dias parecem voar conforme ficamos mais velhos? As férias intermináveis da infância agora passam num piscar de olhos, e os anos parecem escorregar pelas nossas mãos. A sensação de que o tempo acelera com a idade é comum, mas a ciência tem algumas teorias que podem explicar esse fenômeno.
Uma das explicações mais aceitas está relacionada à quantidade de novas informações que processamos ao longo da vida. Robert Ornstein, um psicólogo que estudou a percepção do tempo nos anos 1960, descobriu que o tempo parece se alongar quando estamos lidando com algo novo ou interessante.
Em seus experimentos, ele mostrou que os participantes sentiam que imagens mais complexas e sons com mais variação faziam o tempo parecer mais longo, mesmo que tivessem sido expostos a essas imagens e sons pelo mesmo período que outros menos interessantes.
Conforme envelhecemos, a novidade da vida começa a desaparecer. Lugares e rotinas que antes eram desconhecidos e empolgantes tornam-se familiares, e nosso cérebro gasta menos energia para processá-los.
Dr. Christian Yates, da Universidade de Bath, explica que as crianças, por exemplo, veem o mundo com um olhar fresco e curioso. Elas dedicam muito mais atenção aos detalhes ao redor, o que faz com que o tempo pareça se arrastar. Adultos, por outro lado, já estão tão acostumados com seu ambiente que tendem a passar pelos dias no piloto automático.
Isso significa que as crianças precisam de muito mais energia cerebral para reconfigurar suas ideias sobre o mundo exterior”, conta Yates.
Esse esforço mental torna a percepção de tempo mais lenta para os pequenos, enquanto, para os adultos, presos em suas rotinas, o tempo parece correr. Afinal, quem nunca se surpreendeu ao perceber que já estamos em outubro, quando parecia que o ano mal havia começado?
Outra explicação interessante envolve a forma como nosso cérebro processa imagens à medida que envelhecemos. O professor Adrian Bejan, da Universidade Duke, sugere que, quando somos jovens, nosso cérebro processa informações visuais de forma muito mais rápida e eficiente. Isso resulta em mais “imagens mentais” por dia, criando a sensação de que os dias são mais longos e cheios de acontecimentos. Com o tempo, nossos nervos e neurônios se tornam mais complexos e o processamento dessas imagens desacelera.
O presente é diferente do passado porque a visão mental mudou, não porque o relógio de alguém tocou”, explica Bejan. Assim, a lentidão no processamento das informações dá a impressão de que os dias são mais curtos, pois estamos capturando menos detalhes e imagens mentais.
Além disso, a “teoria proporcional” também faz sentido: à medida que envelhecemos, um mês ou um ano representa uma fração menor da nossa vida. Um ano na vida de uma criança de 10 anos é 10% de toda sua existência, enquanto para alguém de 50, é apenas 2%.
Embora essas teorias ainda estejam sendo investigadas, uma coisa parece certa: quanto mais novidades e experiências tivermos, mais ricos e longos parecerão nossos dias. Então, vale a pena sair da rotina e se aventurar em novas descobertas sempre que possível. Afinal, quanto mais vivemos, mais o tempo parece querer correr, e cabe a nós desacelerá-lo com boas histórias.
Fonte: Mega Curioso