Geral

Antes das geladeiras sapos eram usados para conservar leite

Os peptídeos antibióticos produzidos pelas peles de algumas espécies são capazes de impedir que o leite azede; confira os relatos científicos

Por Isabela Oliveira

A geladeira começou a aparecer nos lares das classes altas na década de 1940. Mas, antes disso, povos da Rússia e da Finlândia usavam sapos para conservar o leite. Apesar de estranha, a prática tem uma explicação científica.
Em 2010, pesquisadores dos Emirados Árabes Unidos descobriram mais de cem substâncias antibióticas nas peles de sapos e rãs, que protegem os animais contra bactérias de habitats úmidos. Uma delas, encontrada em um sapo nativo da América do Norte, servia para o combate da superbactéria iraqibacter.

De acordo com o relato científico, os peptídeos antibióticos presentes produzidos pelas peles de algumas espécies são capazes de impedir que o leite azede. Além disso, também protegem o organismo de seres humanos de infecção por bactérias após a ingestão do líquido. Em um comunicado, o autor da pesquisa, Michael Conlon, explicou porque a pele de rã é uma excelente fonte potencial de agentes antibióticos.

Eles têm uma evolução de 300 milhões de anos, então tiveram muito tempo para aprenderem a se defender contra os micróbios causadores de doenças no ambiente. Seu próprio ambiente inclui águas poluídas, local no qual fortes defesas contra patógenos são uma obrigação”.

A espécie Rana temporaria, da região da Eurásia, é a mais comumente utilizada para a conservação do leite. A Universidade de Moscou, na Rússia, já identificou 97 antibióticos a partir dela, inclusive contra a Salmonella e o Staphylococcus.

Sapos podem ser valiosos para a indústria da saúde
No entanto, apesar de os sapos e rãs servirem para conservar o leite, seu uso para a função não é recomendável devido a doenças zoonóticas. Isso porque eles contêm substâncias tóxicas para os humanos. Ademais, isolar a fórmula molecular correta dos peptídeos para a produção de remédios ainda é uma tarefa desafiadora para os cientistas.

Outro ponto a ser considerado é o da preservação ambiental — já que, em 2023, cerca 40,7% das espécies de anfíbios já estavam sob ameaça de extinção. Segundo Conlon, os sapos são usados somente “para obter a estrutura química do antibiótico e então fazê-la no laboratório”.

Tomamos muito cuidado para não prejudicar essas criaturas delicadas e devolvê-las à vida selvagem após esfregar a pele para as secreções preciosas”, disse.

Fonte: Giz Brasil

Luzimara Fernandes

Luzimara Fernandes

Jornalista MTB 2358-ES

Related Posts

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

EnglishPortugueseSpanish