Arquitetura de hotel luxuoso na África do Sul se camufla na savana

Localizado na reserva natural Sabi Sands, o lodge Cheetah Plains foi construído com viés sustentável para preservar a natureza e valorizar os materiais locais
Por Nathalia Fabro
Privacidade máxima é o lema do Cheetah Plains, único lodge voltado ao turismo de luxo na reserva natural Sabi Sands, que faz fronteira com o famoso parque nacional Kruger, no nordeste da África do Sul. Inaugurado em 2018, o hotel tem arquitetura e design de interiores assinados pelo escritório ARRCC, com sede na Cidade do Cabo.
O projeto visou interferir o mínimo possível na natureza existente e frisou a sustentabilidade, com a instalação de milhares de painéis solares para o fornecimento de energia, além de uma estação para tratamento de água. A energia solar, inclusive, abastece os quatro carros elétricos do complexo que fazem os passeios de safári — é o único hotel sul-africano com essa tecnologia.
Em 2023, o estabelecimento ganhou o prêmio Africa’s Leading Green Hotel (o mais verde da África, em tradução livre), pelo World Travel Awards, considerado o “Oscar” do turismo. O Cheetah Plains ocupa uma propriedade de 7.500 hectares e conta com três vilas privativas que acomodam até oito pessoas cada uma — ideal para famílias e grupos de amigos. Uma curiosidade é que elas foram nomeadas em homenagem à três chitas lendárias que habitaram a reserva Sabi Sands: Karula, Mapogo e Mvula.
As vilas são compostas de uma “casa principal” com salas de estar, de jantar e de TV, piscina e adega climatizada com exclusivos vinhos sul-africanos — são quase mil rótulos disponíveis, selecionados à mão pelo proprietário do hotel, Japie van Niekerk, e pela sommelière Mariska Witbooi, uma das mais renomadas da África do Sul.
Na casa principal há, ainda, uma cozinha onde um chef e sua equipe preparam receitas exclusivas e personalizadas para os hóspedes. É possível degustar de pratos típicos, como o pudim malva — doce com geleia de damasco e textura esponjosa — e solicitar refeições que atendem diferentes restrições alimentares.
Os banquetes podem ser aproveitados na sala de jantar interna das vilas, em uma área gourmet ao ar livre com lareira, ou até no meio da savana. A chance de se deparar com a vida selvagem é grande!
As quatro suítes de cada vila ficam ao redor da residência principal e têm closet, lavabo, lareira, varanda e sala de banho. A decoração é única em cada espaço, com tecidos e acabamentos exclusivos, mas os ambientes seguem uma linguagem comum, que valoriza a naturalidade e a sofisticação dos elementos.
A arquitetura tem estética contemporânea sem roubar o protagonismo da savana, conceito definido pelos arquitetos do ARRCC como “afrominimalismo”.
A construção do complexo respeitou a vegetação local, adaptando-se ao posicionamento original de árvores e riachos. Os principais materiais usados foram aço corten, concreto aparente, madeira e pedras, entre elas, a mica bruta, encontrada em abundância no país. O projeto de interiores ainda realça móveis feitos sob medida, peças de artesanato regional e obras de arte — muitas selecionadas por curadores da galeria internacional Goodman, parceira do Cheetah Plains desde 2023 e uma das mais famosas da África do Sul.
A galeria tem, ainda, um espaço físico dentro do lodge, onde são exibidas mostras rotativas de arte africana contemporânea. A maioria das peças representadas pela Goodman está à venda e pode ser a “desculpa” ideal para levar um pedaço do lodge para casa.
Um grande destaque do projeto arquitetônico é a integração da maioria dos ambientes, íntimos e sociais, à paisagem por meio de grandes aberturas de vidro. Sem barreiras visuais, é possível observar, até do próprio quarto, diversos animais selvagens, entre eles os cobiçados “Big 5”: búfalos, elefantes, leões, leopardos e rinocerontes. Um verdadeiro safári particular.
Fonte: Casa e Jardim