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Jardim Limoeiro e a (in)segurança pública

Um dos maiores arrecadadores do município, o bairro sofre com obras ineficientes, números elevados de assaltos e o crescimento exponencial de moradores de rua

Se não o primeiro, certamente o bairro Jardim Limoeiro está entre os três maiores arrecadadores do município da Serra, mas quem pensa que isso reflete de maneira positiva nos serviços prestados pelo poder público, está completamente enganado. Nos últimos anos, a região teve um desenvolvimento avassalador, graças ao grande número de empresas instaladas na comunidade. Crescimento não acompanhado pelo poder público.
Hoje, a região sofre com assaltos diários; veículos transitando em alta velocidade; motociclistas equilibrando motos sobre uma roda; várias calçadas sem nenhum plano de inclusão (acessibilidade); grande número de moradores de rua; falta de placas que identifiquem as vias e orientem percursos e destinos, além da falta de vagas de estacionamento nas principais avenidas.

Vanderlei Lopes Ferreira (Foto: Arquivo pessoal)

Para o presidente da comunidade, Vanderlei Lopes Ferreira, que está no seu segundo ano de mandato, a situação é preocupante e muito desconfortável, tanto para moradores como para a classe empresarial. “O binário era uma obra necessária, mas, hoje, vimos que faltou “sensibilidade” técnica aos engenheiros que a projetaram. Teve o objetivo único de dar fluxo ao trânsito e esqueceram de humanizar o trânsito. Fomos pouco ouvidos. Temos cadeirantes na comunidade que víamos quase que diariamente e, hoje, não sabemos se mudaram do bairro ou se não conseguem sair de casa, que é o mais provável. As calçadas são irregulares, dificultam muito a vida desses cidadãos que precisam de um olhar mais atencioso do município”, pontuou Vanderlei.

De acordo com o presidente comunitário, os moradores se sentem inseguros para transitar, principalmente nas avenidas Lourival Nunes e Norte Sul, onde os veículos transitam em alta velocidade. O bairro é antigo, e tem muitos moradores idosos. Outra queixa, segundo Vanderlei, é a falta de faixas de pedestres, pois as existentes são insuficientes e, algumas, mal colocadas, como é o caso da bifurcação da Lourival Nunes com a rua São Pedro, que ficou perigosa para os transeuntes.

O pedido de redutores de velocidade foi feito à prefeitura no ano passado para as avenidas de maior movimento (Lourival Nunes e Norte Sul). O processo n.º 75418 está desde o ano passado na Secretaria de Desenvolvimento de Trânsito”, critica Vanderlei.

Outra situação crítica é a falta de vagas de estacionamento. “Muitos comércios fecharam as portas e os que persistem sofrem com essa ação desastrosa do município, amargando uma queda de mais de 30% no faturamento. Imagina você, temos uma das cargas tributárias mais altas do mundo e o município age dessa forma, estou falando de mais de 30% da receita, isso é um tiro de misericórdia”, lamenta o líder comunitário.

(Foto: Arquivo pessoal)

Segundo Vanderlei, para reverter esse quadro, é necessária a volta dos estacionamentos. “A sugestão que temos são as vagas em 45 graus, nos dois lados das avenidas Lourival Nunes e Norte Sul, que são largas e não comprometeriam em nada o trânsito. Discutimos isso em reunião com os empresários e, por unanimidade, foi pedida, com urgência, a implantação desse modelo. Muitos proprietários de imóveis estão com dificuldade de locação e os comerciantes também se sentem prejudicados, pois, sem vagas para estacionar, onde o cliente vai parar o carro para efetuar uma compra se não há vaga?”, queixa-se.

A associação de moradores pretende apresentar à prefeitura um documento para que seja feito um projeto igual ao da Avenida Princesa Isabel, em Vitória, em que durante um período do dia, entre os horários de pico, o estacionamento é liberado para ajudar o comércio local. “Na Avenida Jerônimo Monteiro, aos sábados, o estacionamento também é liberado entre às 9h e 16h. Precisamos de alternativas, da maneira como está não podemos continuar. Com queda no faturamento das empresas o município arrecada menos. A região é opção para o comércio de autopeças, de ferramentas, de compra e venda de veículos, hotéis, restaurantes, churrascarias e inúmeras empresas de grande, médio e pequeno portes, são milhares de trabalhadores, a gestão foi muito amadora, até infeliz”.

Para prevenir acidentes e atropelamento, Vanderlei defende a instalação de faixas elevadas como aconteceu nas avenidas José Rato, em Bairro de Fátima e Abido Saad, em Jacaraípe. “Fizemos o pedido, mas a administração alegou que traria riscos aos pedestres. Mais uma vez estão enganados, porque não foi isso que aconteceu em Bairro de Fátima e muito menos em Jacaraípe, pelo contrário, houve uma redução drástica nos incidentes”, afirma.

Quanto à acessibilidade, deve-se garantir o acesso de tudo a todos, o que não acontece em Jardim Limoeiro, onde as calçadas são quase intransitáveis, em função das irregularidades e obstáculos existentes no piso, algumas delas ainda estão no chão batido, denuncia Vanderlei.

Jardim Limoeiro (Foto: Arquivo pessoal)

Outro ponto que tem deixado moradores e empresários em estado de alerta são os assaltos constantes e a insegurança provocados pela proliferação em massa de moradores em situação de rua. “Temos um grupo de moradores e empresários no WhatsApp que mostra bem as dificuldades enfrentadas por todos nós no quesito segurança. Basta acompanhar as postagens para ver que contra fatos não há argumento. Diariamente, vídeos são postados flagrando ações de criminosos e de moradores de rua, que não são poucos, furtando em plena luz do dia. É dever da administração pública ouvir mais as comunidades e, como líder de uma pujante e produtiva, continuarei trabalhando de maneira independente e contribuindo ao máximo, sempre que for acionado, por moradores, empresários e pelo poder público, para buscar o bem comum de todos, sem exceção. Acredito que, a partir do momento que priorizarmos o ser humano nos projetos urbanos, promoveremos segurança e tranquilidade para todos”, conclui.

Nota da coluna: solicitamos, por e-mail, à secretaria de Comunicação (serraonline@serra.gov.br) uma resposta oficial das secretarias responsáveis pelas demandas da comunidade, mas não fomos atendidos até a publicação dessa matéria.

Haroldo Filho

Haroldo Filho

Jornalista – DRT: 0003818/ES Coordenador-geral da ONG Educar para Crescer

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