Meio ambiente

Animais extintos estão reaparecendo nas florestas de Florianópolis

Reintrodução de espécies transforma ilha de Santa Catarina

Por Isabella Bisordi

Extintos desde 1763, na Ilha de Santa Catarina, os bugios-ruivos (Alouatta guariba) estão de volta às matas de Florianópolis. Desde 2024, 16 animais já foram reintroduzidos em cinco grupos, nos parques do norte e sul da ilha. A ação é parte do trabalho do Instituto Fauna Brasil (IFB), que tem como meta restaurar populações de espécies extintas localmente.
Os bugios vieram de outras regiões do estado e passaram anos em reabilitação no Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas). Realizou-se a soltura gradualmente, com cada grupo permanecendo quatro semanas em recintos telados na floresta, para se adaptar ao novo ambiente. Além disso, todos os indivíduos receberam microchips e só foram liberados após comprovarem que se alimentavam de pelo menos, dez espécies vegetais nativas.

O acompanhamento dos animais é feito com drone termal, armadilhas fotográficas, gravadores e buscas a pé. Mike, Nariz e Moçamba formam uma das famílias reintroduzidas no sul da ilha. “Ver aquelas carinhas, que eu via atrás das grades, agora em liberdade, foi incrível”, conta a bióloga Alessandra Lima da Rocha, do IFB, em entrevista ao Mongabay.

Assim, os eventos do projeto “Vem Passarinhar”, realizados desde 2022, passaram a incluir a expectativa de ouvir ou ver bugios nas trilhas. Incentivam-se os moradores, então, a relatar avistamentos, contribuindo para o monitoramento. “A ciência cidadã é muito importante para o projeto”, diz Alessandra. A ação também inclui panfletos, cartazes e atividades em escolas.

Felinos também podem voltar
Ademais, além dos bugios, o IFB pretende reintroduzir pequenos felinos como o gato-maracajá e o gato-do-mato-do-sul. A ausência desses predadores compromete o equilíbrio ecológico, permitindo, por exemplo, o aumento de saguis invasores. “Precisamos muito mais dessas espécies do que elas de nós”, avalia a bióloga Camila Rezende Ayroza.

Parcerias e futuro da fauna na ilha
Por fim, a iniciativa conta com apoio da Floram, que fornece logística e autorizações para solturas. A ilha possui cerca de 41% do seu território protegido por unidades de conservação. Segundo o projeto Fauna Floripa, 11 mamíferos e diversas aves já desapareceram da região. A meta do IFB é reintroduzir essas espécies e garantir sua sobrevivência sem interferência humana.

“A destruição da biodiversidade está ocorrendo numa velocidade muito maior do que qualquer ação em prol da conservação. Se a gente não fizer nada, a gente está escolhendo sentar e assistir de camarote”, alerta Vanessa Kanaan, fundadora do IFB.

Fonte: Bons Fluidos

Luzimara Fernandes

Luzimara Fernandes

Jornalista MTB 2358-ES

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