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Mapa na mão não é território conquistado

Hoje, quero falar sobre o perigo da confiança excessiva e como foi lidar com essa sensação na minha última semana. Antes, um breve contexto: na psicologia, o Efeito Dunning-Kruger é um viés onde indivíduos superestimam sua competência em áreas que conhecem pouco. Isso ocorre porque, no início, não enxergamos a complexidade real do sistema. Vemos a superfície e achamos que dominamos o mecanismo. Essa visão parcial gera uma confiança infundada.
Na última semana, vivenciei esse fenômeno na prática. Depois de mais de 20 anos de estrada, acreditei que uma determinada atividade seria apenas mais uma na rotina. Não por soberba, mas porque nossa mentalidade lógica tende a acreditar que variações pontuais não alteram o padrão macro da atividade. E foi aí que o cálculo falhou.

Tomei decisões baseadas em um cenário que não se confirmou e subestimei a curva de aprendizado da nova ferramenta. O mais interessante, olhando em perspectiva, é que o “erro” ocorreu na análise de risco, não na execução técnica. O conhecimento para fazer estava lá, mas o tempo e a energia necessários foram mal dimensionados.

(Foto: Gerada por IA)

Quando a realidade do projeto se impôs, percebi a dimensão do equívoco. Obviamente, ajustei a rota imediatamente. Como a responsabilidade da análise era minha, assumi integralmente o custo da correção. Foram dias de dedicação intensiva e horas extras silenciosas para garantir que o erro de planejamento não impactasse a entrega final.

O aprendizado que fica é valioso: autocuidado profissional também é exercício de humildade. Se eu tivesse calibrado melhor a avaliação de complexidade desde o início (adotando a postura de aprendiz), o processo teria sido mais fluido. Todo sênior volta a ser júnior quando a ferramenta muda. Aceitar isso rápido poupa o fígado e o coração.

Semanas atrás, esta coluna abordou a importância de se colocar como eterno aprendiz. O relato de hoje mostra o preço de não fazer isso. Essa incoerência ocorreu com o autor e pode acontecer com o leitor. Na próxima vez que se deparar com uma ferramenta nova, dispa-se das suas medalhas. Encare-a com a “Mente de Principiante” (Shoshin). Isso não diminui sua autoridade; preserva sua sanidade.

Francisco Neto

Francisco Neto

Francisco Neto Engenheiro eletricista da Conexa Engenharia Transformo soluções inteligentes em energia, eficiência e segurança @eng.fneto

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