A Gênese
Ei-la, aí está a gênese,
A origem das coisas,
Onde tudo começou
Esta fotografia retrata,
Uma das nossas primeiras
Moradias num dos morros
Da nossa querida capital
Hoje quando fito esta imagem,
Me pego parado, calado,
Meditativo, olhando para
O nada, imerso no vazio
De minha alma
E quando falo
Para os meus filhos
Ou para alguns amigos
Que sou um “milionário”,
Eles não entendem e,
Até se riem
É que o passado nos
Engana, ele prega peças
E as suas lembranças,
Por mais fortes que sejam
Vão se tornando opacas
Graças a Deus, o homem
Inventou a fotografia e
Assim, podemos refrescar
Nossa memória, revisitando
Um pouca nossa estória
Uma estória de luta,
De amor e de vitórias
Descemos do morro
E vencemos a vida no asfalto,
No peito, na raça e no estudo
Contrariando todas as expectativas
Afinal, papai sempre
Nos dizia: “Estudem,
Pois, a caneta é mais
Leve que a pá”
Honramos nossos pais,
Temos orgulho de nossa
Origem, de nosso morro,
Guardado sempre em
Nossos corações, e,
Acima de tudo,
Somos gratos a Deus
E aos nossos pais,
Por cada pedra no caminho,
Por cada lata d’água na cabeça
Alguns dizem que é devaneio,
Que eu fiquei rico, que estou folgado
Outros, me chamam de doutor,
O que eu acho até engraçado
Eu da minha parte, revolvo
Meu olhar à fotografia, e me
Permito uma doce lembrança,
Uma antiga vitrola na sala da
Modesta casa, chamada lar,
E no fundo o Rei cantarolando…
“Minha casa era modesta mas
Eu estava seguro
Não tinha medo de nada
Não tinha medo de escuro
Não temia trovoada
Meus irmãos à minha volta
E o meu pai sempre de volta
Trazia o suor no rosto
Nenhum dinheiro no bolso
Mas trazia esperanças.
Essas recordações me matam
Essas recordações me matam
Essas recordações me matam
Por isso eu venho aqui”.