Emoções negativas aumentam o apetite, conclui estudo
Pesquisa mostra, no entanto, que comer em excesso durante algum estado emocional vulnerável é fator de risco para compulsão alimentar e outros distúrbios alimentares
Quem nunca se empanturrou de sorvete ou chocolate após um término de relacionamento? Pode parecer que isso é invenção de filme de comédia romântica, mas acredite: tem uma explicação científica para esses momentos. Um estudo da Universidade de Salzburgo, na Áustria, aponta que o ato de comer serve também como uma resposta ao estresse. O artigo foi publicado na última quarta-feira (3), na revista científica Frontiers in Behavioral Neuroscience.
Mas calma lá! A pesquisa mostra que comer em excesso durante algum estado emocional vulnerável pode até preencher as “emoções negativas”, mas é um fator de risco para compulsão alimentar e outros distúrbios alimentares, como bulimia. “Mesmo com um IMC saudável, comer demais [nessas situações] pode ser um problema”, diz Rebekka Schnepper, coautora do artigo, em nota.
O estudo investigou até que ponto os hábitos alimentares se relacionam com nosso estado emocional. Para isso, foram recrutadas 80 estudantes da Universidade de Salzburgo, todas com índice de massa corporal considerado mediano (nem muito magras nem obesas). Os estudiosos selecionaram apenas mulheres porque elas são mais propensas a distúrbios alimentares, segundo os pesquisadores.
Os cientistas compararam as “comedoras emocionais”, aquelas que usam alimentos para regular suas emoções negativas, com “comedoras restritivas”, ou seja, que controlam suas refeições por meio de dietas e restrição calórica.
Durante o experimento, foram lidas histórias para induzir nas voluntárias uma resposta emocional neutra ou negativa. Os scripts negativos estavam relacionados a eventos recentes da vida pessoal das participantes enquanto os scripts neutros estavam ligados a assuntos como escovar os dentes. As jovens também viram imagens de comidas apetitosas e objetos.
Schnepper e a equipe de cientistas descobriram que as comedoras emocionais tinham uma resposta de apetite mais forte e achavam a comida mais agradável quando apresentavam emoções negativas do que quando sentiam emoções neutras. Já as comedoras restritivas pareciam mais atentas à comida na condição negativa, embora isso não influenciasse o apetite, além de não haver mudanças significativas entre as condições emocionais negativas e neutras.
Os resultados apontam para possíveis estratégias no tratamento de distúrbios alimentares. “Ao tentar melhorar o comportamento alimentar, parece promissor focar em estratégias de regulação emocional que não dependam da alimentação como remédio para emoções negativas”, diz Schnepper.
Fonte: Revista Galileu