Meio ambiente

Cientistas estudam lágrimas de animais para tratamentos oftalmológicos

Pesquisa liderada pela Universidade Federal da Bahia concluiu que as lágrimas humanas não são muito diferentes das de répteis e aves

Um estudo liderado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) aponta que as lágrimas de pássaros e répteis não são tão diferentes das nossas. Na verdade, elas podem até ajudar a desenvolver tratamentos oftalmológicos para humanos e animais, e ainda entender sobre a evolução das lágrimas em diferentes espécies.
Segundo o estudo, publicado na quinta-feira passada (13) no periódico Frontiers in Veterinary Science, as lágrimas têm papel crítico na manutenção de uma visão saudável em todas as espécies. Até agora, entretanto, poucos estudos sobre elas haviam sido realizados, sendo a maioria em mamíferos como cães, cavalos, macacos e camelos.
“Descobrir como as lágrimas são capazes de manter a homeostase ocular, mesmo em diferentes espécies e condições ambientais, é crucial para a compreensão dos processos de evolução e adaptação”, disse Arianne Oriá, líder do estudo, em declaração. “[Isso] é essencial para a descoberta de novas moléculas para drogas oftálmicas”.

Coleta de lágrimas de um jacaré-de-papo-amarelo (Foto: Arianne P. Oriá)

Oriá e seus colegas trabalharam junto com veterinários de centros de conservação, de cuidado de animais silvestres e criadores comerciais, visando coletar amostras de lágrimas de animais saudáveis ​​em diversos contextos. O estudo foi limitado a espécimes mantidos em cativeiro e avaliou lágrimas de araras, gaviões, corujas e uma espécie de papagaio, além de jabutis, jacarés e tartarugas marinhas.
Observando a composição das lágrimas animais em comparação com as humanas, os autores descobriram que todas continham quantidades próximas de eletrólitos, como sódio e cloreto. Nesse quesito, as amostras de coruja e tartaruga marinha foram as mais divergentes, pois apresentaram níveis levemente elevados de ureia e proteínas.
Os cientistas também examinaram os cristais que se formaram quando o fluido lacrimal seca para entender seu padrão. “As estruturas cristalinas se organizam de maneiras diferentes [entre as espécies] para garantir a saúde dos olhos e o equilíbrio com os diversos ambientes”, explica Oriá.

Coleta de lágrimas de um gavião-carijó (Foto: Arianne P. Oriá)

A pesquisadora ressalta que esse foi apenas mais um passo dentre vários outros necessários para uma compreensão mais ampla das lágrimas em diferentes espécies. Ainda assim, ela acredita que o estudo permitirá compreender melhor a evolução e até auxiliar no desenvolvimento de tratamentos para os olhos. “Esse conhecimento ajuda no entendimento da evolução e adaptação dessas espécies, bem como na sua conservação”, afirma.

Fonte: Revista Galileu

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