Conheça Sônia Guimarães, primeira brasileira negra doutora em física
Ativa na luta antirracista e feminista, Guimarães também é professora do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) desde 1993
Quando começou a lecionar no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) de São José dos Campos, em 1993, a física Sônia Guimarães era a única negra e uma das poucas mulheres no campus: a instituição só passou a aceitar o ingresso de alunas três anos depois, em 1996. Especialista em física aplicada, com pesquisas sobre semicondutores e desenvolvimento de sensores de calor, é também ativista na luta contra o racismo e discriminação de gênero. Conheça mais sobre sua trajetória.
Início dos estudos
Nascida em Brotas, no interior de São Paulo, no dia 26 de junho de 1957, o pai de Guimarães é tapeceiro e a mãe, comerciante. Sempre estudou em escolas públicas, com notas altas especialmente em matemática. Na adolescência, ao decidir prestar vestibular para engenharia civil, começou a trabalhar para poder pagar um cursinho. Acabou sendo aprovada em física na Universidade Federal de São Carlos.
Vocação para quebrar barreiras
A aprovação de Guimarães no vestibular já era um sinal de sua vocação para quebrar barreiras: foi a primeira da família a ingressar no ensino superior. Mas ainda haveria muitos outros desafios a superar. Dos 50 alunos na sala, somente cinco eram mulheres. No segundo ano do curso, ela começou a traçar seu espaço na Academia, ao se interessar pela física moderna, campo no qual se especializou.
Carreira acadêmica
Apaixonada por estudar, Guimarães optou por seguir na área acadêmica. Logo após concluir a graduação em 1979, ingressou em um mestrado em física aplicada na Universidade de São Paulo (USP). Em 1986, começou o doutorado em materiais eletrônicos na University of Manchester Institute of Science and Technology, na Inglaterra. Ao concluir a pesquisa, em 1989, tornou-se a primeira mulher negra doutora em física do Brasil. Em 1993, ingressou como docente no ITA.
Luta por igualdade
Guimarães nunca escondeu seu descontentamento com as desigualdades raciais e de gênero as quais ela própria enfrentou (e ainda enfrenta). Segundo indicadores do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes) e Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) de 2005, dos 63.234 docentes na educação universitária do País, apenas 251 são mulheres negras. Em sua luta por maior igualdade, Guimarães participa de projetos de educação para incentivar meninas a optarem por ciências exatas, revolução digital e empreendedorismo. Também é mantenedora da Universidade Zumbi dos Palmares e conselheira do Conselho Municipal Para a Promoção de Igualdade Racial (COMPIR), da prefeitura de São José dos Campos.
Fonte: Revista Galileu