Toxinas de planta australiana causam tanta dor quanto uma picada de aranha
Pesquisadores estudaram a toxina da chamada Gympie-Gympie, um tipo de arbusto que desperta o interesse de cientistas há décadas por causar muita dor em quem a toca
Pesquisadores da Universidade de Queensland, na Austrália, descobriram que um arbusto gigante chamado Gympie-Gympie solta toxinas tão dolorosas quanto o veneno de algumas aranhas e dos caracóis-do-cone.
Por mais que pareça inofensiva, a planta desperta a curiosidade de pesquisadores há décadas. Pessoas que frequentam florestas que são o habitat natural dela costumam carregar respiradores, luvas resistentes e um punhado de anti-histamínicos; tudo para a segurança pessoal, caso entrem em contato com a espécie.
Ao estudarem a substância da Gympie-Gympie, a professora Irina Vetter, o Dr. Thomas Durek e cientistas do Instituto de Biociência Molecular da universidade australiana conseguiram apontar uma nova família de toxinas, que foi batizada de “gimpietides” em homenagem à planta. “Estávamos interessados em descobrir se havia alguma neurotoxina que pudesse explicar esses sintomas e por que a Gympie-Gympie pode causar uma dor tão duradoura”, disse a Dra. Vetter em nota.
A substância é injetada na pele humana por pequenos fios presentes nas folhas do arbusto. Semelhantes a cabelinhos finos, eles agem como agulhas hipodérmicas.
Moléculas como a histamina, a acetilcolina e o ácido fórmico já haviam sido testadas anteriormente, mas não causaram uma dor intensa e duradoura como a da Gympie-Gympie. Os indivíduos que entram em contato com as gimpietides podem acabar no hospital.
As toxinas de algumas aranhas e caracóis-do-cone têm como alvo os mesmos receptores de dor que a substância da planta encontrada na Austrália atinge. “Esses são três grupos amplamente divergentes de organismos – aranhas, caramujos e agora esses arbustos – que produzem uma toxina muito semelhante”, disse, ao New York Times, Shabnam Mohammadi, pesquisador de toxinas da Universidade de Nebraska-Lincoln, nos Estados Unidos, que não esteve envolvido no estudo.
Vetter diz que a dor prolongada causada pela planta se deve às gimpietides, que mudam os canais de sódio nos nossos neurônios sensoriais, e não aos pelos finos das folhas, que ficam presos na nossa pele. A pesquisadora e sua equipe esperam que, com mais pesquisas sobre a Gympie-Gympie, será possível entender mais sobre o funcionamento dos nossos nervos sensoriais – o que também contribui com o desenvolvimento de novos analgésicos. “Ao compreender como essa toxina funciona, esperamos oferecer um tratamento melhor para aqueles que foram picados pela planta, para aliviar ou eliminar a dor”, observou a pesquisadora.
Fonte: Revista Galileu