Lenda de Cunhã e Marupiara
Existia na selva amazônica um casal indígena que morava próximo a um lago. Ela era a Cunhã e ele o Marupiara. Cunhã cuidava da casa e ele gostava de pescar e caçar pela floresta repleta de animais e peixes deliciosos.
O casal era muito feliz, eles se amavam e se cuidavam muito. Sempre que podia Marupiara convidava Cunhã para passear pela floresta. Um dia o sol estava bonito e ele a convidou para ir pescar. Ela, feliz por poder ficar ao lado do amado, aceitou prontamente. Mas algo inesperado aconteceu. Eis que o céu se fecha rapidamente enquanto eles pescavam no meio do lago.
Marupiara ficou assustado com a força da natureza. Vendo o céu negro e o vento aumentando rapidamente pediu que Cunhã o ajudasse a levar a canoa para a margem da floresta. No entanto, a margem do rio estava muito longe e eles teriam que remar muito. Eles remavam rapidamente, mas, com a fúria das águas, os remos caíram na água. Cunhã se desesperou e, abraçada a Marupiara, perguntava a ele:
– O que será de nós, Maru, querido?
– Sossega, mulher, sossega. Eu estou aqui e nada de mal vai acontecer.
O céu rugia furioso, cortado pelos grandes raios e, abraçada ao marido, Cunhã rezava e pedia a Tupã que os protegesse. No entanto, a tempestade tornava-se cada vez mais violenta e, mesmo assim, o barco conseguiu chegar até a margem. O casal tocou o chão e ficou abraçado. Ele, cheio de medo, mas com muito amor, tentava proteger a amada da água e dos raios.
Era tarde, porém. Um raio enorme os atingiu e o casal morreu de forma fulminante. A natureza, no entanto, cúmplice daquele amor, transformou Cunhã na palmeira uricuri, planta cheia de graça e que enfeita as matas amazônicas. Ele se fez apuí, cipó bonito que a abraça. Assim, em memória do casal que morava junto ao lago, sempre unidos estão a uricuri e apuí, representando Cunhã e Marupiara que, mesmo na desgraça, nunca se separaram.
Fonte: Portal Amazônia