Cientistas apontam como enfrentar a crise climática e a perda de biodiversidade

50 dos maiores especialistas mundiais em biodiversidade e clima listam recomendações de enfrentamento conjunto
Cientistas pedem aos líderes mundiais para enfrentarem de maneira conjunta a mudança climática e a perda da biodiversidade. O apelo é resultante de um workshop virtual realizado, durante quatro dias, em dezembro de 2020, pelo Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES) e pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).
O encontro, que reuniu 50 dos maiores especialistas mundiais em biodiversidade e clima, deu origem a um relatório divulgado no último mês. O documento conclui que as políticas anteriores enfrentaram a perda de biodiversidade e a mudança climática de forma independente uma da outra. Também argumenta que abordar as sinergias entre ambas, ao mesmo tempo em que considera seus impactos sociais, oferece a oportunidade de maximizar os benefícios e atingir as metas de desenvolvimento global.
“A terra e o oceano já estão fazendo muito — absorvendo quase 50% do CO₂ das emissões humanas — mas a natureza não pode fazer tudo. Uma mudança transformadora em todas as partes da sociedade e de nossa economia é necessária para estabilizar nosso clima, deter a perda da biodiversidade e traçar um caminho para o futuro sustentável que desejamos. Isto também exigirá que enfrentemos ambas as crises em conjunto, de formas complementares”, afirma Ana María Hernández Salgar, presidente do IPBES.
O relatório aponta caminhos para resolver essas crises inter-relacionadas, mas é preciso mudar paradigmas para que se tenha mudanças concretas.
“A evidência é clara: um futuro global sustentável para as pessoas e para a natureza ainda é alcançável, mas requer uma mudança transformadora com ações rápidas e de longo alcance de um tipo nunca antes tentado. A solução de alguns dos fortes e aparentemente inevitáveis compromissos entre clima e biodiversidade implicará uma profunda mudança coletiva de valores individuais e compartilhados relativos à natureza — como o afastamento da concepção de progresso econômico baseado unicamente no crescimento do PIB”, diz Hans-OttoPörtner, climatologista do IPCC.
Os autores do relatório ressaltam que, embora a natureza ofereça formas eficazes de ajudar a mitigar a mudança climática, essas soluções só podem ser eficazes se forem baseadas em reduções ambiciosas em todas as emissões de gases de efeito estufa causadas pelo homem. Uma agenda integrada de mudanças climáticas e biodiversidade, diz o relatório, não deixaria nenhuma pessoa ou ecossistema para trás.
Fonte: CicloVivo