Educação

Uso crítico da tecnologia deve guiar educação na retomada presencial

A tecnologia se tornou parte das metodologias de ensino e agora é uma ferramenta essencial e relevante que deve permanecer nas salas de aulas

Se a pandemia trouxe o desafio de transformar as aulas presenciais em on-line, a retomada agora revela os legados e os impactos deste período na educação. Com pontos de partida diferentes em 2020, seria ilusório acreditar que, no final de 2021, a chegada seria igual para todos. A desigualdade de oportunidades educativas se aprofundou. Mas há um fenômeno que se destaca entre todas as escolas: o uso da tecnologia ressignificou as metodologias em sala de aula, ampliou sua presença e se tornou essencial. Contudo o seu uso crítico e consistente deve estar em primeiro plano. Agora, não se trata mais de usar pontualmente recursos tecnológicos, devemos ir além e considerar o papel dos ambientes virtuais no âmbito presencial e reconhecer sua relevância para uma formação cidadã contemporânea.
O uso crítico da tecnologia vai além da indicação de conteúdos de estudos ou recursos de motivação e engajamento. Significa adentrar o universo virtual, na escola presencial, e explorar suas melhores possibilidades de interação com o outro, de produção compartilhada de conhecimento, de expansão das formas de representação da realidade e de seleção adequada da profusão das fontes de informação disponíveis. A cidadania, também no mundo digital, implica o conhecimento das formas de produção deste universo e das chaves éticas que devem regular seu uso.
Esta é a ideia de uma escola verdadeiramente híbrida que, ao articular os ambientes presenciais e virtuais, permite que os estudantes aprendam sempre, em qualquer lugar e em qualquer tempo, individual e coletivamente. E, as práticas desenvolvidas por muitos educadores ao longo da pandemia, no ensino remoto de emergência, resultaram em conhecimentos profissionais essenciais para construir esta nova realidade escolar.

É necessário planejamento
A tecnologia traz uma infinidade de oportunidades, mas seu uso precisa ser mediado pela escola, num projeto consistente que também delimite sua frequência e garanta a qualidade da experiência, de acordo com a idade da criança. Entre os pequenos, da educação infantil, ela precisa ser usada com muita consciência, já que eles têm muito mais a explorar e descobrir sem ela, com o mundo real. Não significa privá-los da tecnologia, mas entender o papel que estão cumprindo em cada proposta: entregar um tablet para a criança ficar quieta na hora das refeições, é substancialmente diferente de propor um jogo ou assistir a um desenho de alta qualidade estética. Desde o começo da escolaridade as intenções educacionais devem estar claras e expressas num currículo bem pensado em que o aluno não seja apenas o consumidor, mas um produtor e que possa entender como funciona esse mundo.
Os caminhos que a tecnologia traz são diversos e podem envolver desde a produção de textos multimodais e criação de games, aulas e campeonatos de robótica ou até a conscientização, por exemplo, da propagação das fake news por meio da compreensão dos algoritmos de replicação. É um exercício árduo que envolve a constante formação dos professores para que saibam fazer uso dos recursos digitais sem exagero e com consistência. A escola tem que acompanhar a sociedade e a sociedade, que não para de mudar, requer professores que não podem parar de aprender. É desafiador, sem dúvida, mas as fórmulas que vieram antes de 2020 não caberão mais a partir de 2021.

Fonte: Revista Educação

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