Saúde

A nova variante mais agressiva do HIV

Não é só o SARS-CoV-2 que possui a capacidade de sofrer mutações a ponto de gerar novas variantes. Em relação ao HIV, que é um vírus de RNA, isso acaba sendo ainda mais relevante, dada a alta taxa de mutações e recombinações que ocorrem nesse caso.
Um estudo recente publicado na revista Science descreve uma “nova” variante do HIV descoberta na Holanda. Na realidade, ela circula desde meados dos anos 90, mas as repercussões só foram melhor estabelecidas no estudo. Chamada de VB (virulent subtype B), é um subtipo da variante mais prevalente na Europa e nas Américas, que é o HIV tipo B.
A grande diferença é que, no momento do diagnóstico, a carga viral dos pacientes com a VB foi de 3,5 e 5,5 vezes mais alta comparada a outros casos de HIV do tipo B, porém de subtipos diferentes do VB. É sabido que a contagem de carga viral tem relação com o prognóstico e esse achado, por si só, já era suficiente para levantar um ponto relevante. Porém, além disso, a taxa de queda do CD4 foi desproporcionalmente mais acelerado nos casos VB. Apenas nove meses eram suficientes para o CD4 cair abaixo de 350 e entre dois a três anos para cair abaixo de 200.

No grupo não VB, foram 36 meses para alcançar o 350 e sete a oito anos para chegar a 200. Ou seja, o tempo entre a infecção e essa evoluir para aids é muito mais rápido com a nova variante. Isso é explicado em parte pela carga viral inicial, e em parte pela alteração da própria virulência. A boa notícia é que após o início do tratamento antirretroviral, não houve diferença na evolução do CD4 e na mortalidade, apesar do N não ser suficiente para identificar diferenças sutis desses desfechos.
O HIV, que surgiu na década de 20, aos poucos foi se adaptando ao hospedeiro humano e somente após a década de 80 passou a ter uma distribuição global. Nos quase 40 anos do descobrimento do vírus, ele já matou 36 milhões de pessoas no mundo. Atualmente há 38 milhões de pessoas que vivem com HIV/aids. Desses, seis milhões não sabem do diagnóstico. Cada indivíduo que vive com o vírus sem diagnóstico ou tratamento dá oportunidade para o vírus sofrer mutações e gerar novas variantes. Assim como o SARS-CoV-2, somente irá perdurar as variantes que possuem alguma vantagem competitiva do ponto de vista evolutivo. No caso do HIV, pode ser uma capacidade maior de transmissão, ou até resistência às atuais opções de tratamento.

A conclusão do estudo é que, com otimização do diagnóstico através da distribuição mais ampla de testes associado ao tratamento, haverá menor possibilidade de geração de novas variantes e deve ser prioridade no enfrentamento do HIV.

Fonte: TecMundo

Related Posts

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

EnglishPortugueseSpanish