Ano Novo: estresse e ansiedade sobem 75% no fim do ano

Especialistas dão dicas para processar os sentimentos de dezembro e manter a saúde mental

Angústia, alterações de humor, insônia ou sono em excesso, dores musculares e fadiga; esses são apenas alguns dos sintomas desencadeados no final do ano, época em que somos submetidos a inúmeros balanços e avaliações.
A carga de ansiedade e preocupação nessa época, segundo estudos, é maior do que em qualquer outro período do ano. Uma pesquisa realizada pela Isma-BR (Internacional Stress Management Association — Brasil) mostra que o nível de estresse e ansiedade do brasileiro sobe, em média, 75% em dezembro.

“Fatores como saúde, problemas socioeconômicos, emocionais, entre outros diversos, acentuam a ansiedade já natural da época. O ideal é buscar alternativas para mitigar as reações negativas”, afirma Claudia Petry, pedagoga e professora no Instituto de Parapsicologia e Ciências Mentais de Joinville (SC).

1. Adicione música clássica à sua playlist
Um estudo da Universidade de Stanford constatou que, ao ouvir música clássica, o fluxo de sangue aumenta em diversas áreas do cérebro, liberando dopamina e ativando regiões ligadas à autonomia, cognição e emoção. A música clássica também relaxa o ambiente, aumentando o foco e a concentração, especialmente em situações que requerem tranquilidade.

Ouvir música clássica constantemente eleva a atividade cerebral que envolve as sensações de prazer e recompensa. Reduzir a dor e a ansiedade, baixar a pressão arterial, combater a insônia, despertar emoções positivas e atenuar a tensão são alguns dos motivos para você aderir à música clássica”, acrescenta Mônica Machado, psicóloga pós-graduada em Psicanálise e Saúde Mental pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein e fundadora da Clínica Ame.C.

2. Aposte na leitura terapêutica
De acordo com um estudo realizado pelo periódico Trends in Cognitive Sciences, a leitura aumenta as conexões neurais, melhorando as funções cognitivas, diminuindo os níveis do hormônio do estresse, desacelerando os batimentos cardíacos e o ritmo da respiração, e minimizando os sintomas do Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG).

Dentre as funções cognitivas, destacam-se a consciência, a orientação, a sensopercepção e a concentração. Daí a importância de escolher livros com temas que sejam de seu interesse, para que prendam sua atenção e direcionem sua concentração somente no livro. Uma vez envolvida na história, a pessoa se desliga do mundo externo e, consequentemente, dos agentes estressores”, orienta Petry.

3. Pratique a aromaterapia
Os óleos essenciais, extraídos de plantas, flores e frutas, promovem estímulos sensoriais que geram sensação de bem-estar e conforto. Quando inalados, o olfato reconhece as moléculas dos óleos essenciais através de seus receptores, chegando até o sistema límbico, região do cérebro responsável pelas emoções.
Um estudo realizado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) comprovou que pacientes com depressão precisaram de menores doses de medicamentos após terem conduzido tratamento com aromaterapia, utilizando óleos cítricos.

O óleo de lavanda, por exemplo, um dos mais usados em desequilíbrios emocionais, beneficia o sistema nervoso autônomo, aliviando sintomas de depressão, ansiedade e enxaqueca. Já o óleo vetiver melhora a saúde emocional de forma semelhante a alguns remédios prescritos para ansiedade”, destaca Paula Molari Abdo, farmacêutica pela USP, diretora técnica da farmácia de manipulação Formularium, especialista em Atenção Farmacêutica pela USP e membro da Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag).

4. Invista na hortoterapia
Cultivar um jardim ou uma horta é uma aposta cada vez mais usada para tratar distúrbios emocionais. Segundo o estudo Gardening is Beneficial for Health, publicado na Science Direct, a prática ajuda a promover redução da depressão e da ansiedade, além de proporcionar aumento da qualidade de vida e do senso de comunidade.

Em outro estudo, da Universidade de Princeton, os pesquisadores constataram um aumento significativo nos níveis de bem-estar dos praticantes de jardinagem doméstica, em especial, no cultivo de vegetais. Isso se deve à sensação de recompensa pela possibilidade de comer ou proporcionar aos outros um alimento que a própria pessoa cultivou.

Estar em contato com a natureza, por si só, já é altamente terapêutico. Cuidar de plantas gera uma resposta importante contra depressão, ansiedade e até transtorno bipolar, já que estimula o sistema nervoso central, liberando serotonina e endorfina. Uma boa dica é começar com uma horta orgânica e cultivar seus próprios alimentos em casa. Quem tem mais espaço pode ampliar aos poucos e variar os cultivos. O importante é você perceber as mudanças internas e dar continuidade ao que lhe proporciona prazer”, finaliza a psicóloga Mônica Machado.

Fonte: Olhar Digital