Saúde

Tsunami grisalho: mundo deve ter uma onda de idosos com câncer nos próximos anos

Encontro de oncologistas alertou que envelhecimento populacional requer adaptação dos serviços de saúde para atender idosos com câncer

Por Vitoria Lopes Gomez

Com as melhores condições de saúde e maior expectativa de vida, a população global está envelhecendo e deve ter suas necessidades médicas acompanhadas. Oncologistas do mundo todo alertam para o que isso pode significar: reunidos no encontro da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco, da sigla em inglês), em Chicago, os especialistas preveem um “tsunami grisalho” de idosos com câncer nas próximas duas décadas.

Eles também destacam que o mundo “não está preparado” para essa explosão e sugerem a adaptação dos serviços de saúde. “Tsunami grisalho” refere-se ao envelhecimento populacional e os impactos que isso causa, tanto econômicos quanto de saúde. Com a maior expectativa de vida, os idosos precisam de cuidados específicos de saúde.

O diretor do Sidney Kimmel Cancer Center-Jefferson Health e especialista em oncologia geriátrica, Andrew Chapman, esteve presente no encontro e alertou que o mundo não está pronto para lidar com as necessidades dessa população. Andrew Chapman falou sobre o câncer especificamente, já que a doença está associado ao envelhecimento — e este é um fato de risco já identificado.

Sabemos que o câncer é uma doença associada ao envelhecimento e há vários mecanismos biológicos que o explicam. O que muitas vezes é esquecido é que os objetivos, desejos, necessidades, preferências e problemas dos adultos mais velhos são muito diferentes dos do adulto médio”, afirma Andrew Chapman.

Serviços médicos
No encontro, os oncologistas lembraram que, com as novas necessidades de uma grande parcela da população, a pressão sobre os serviços de saúde também aumenta. É responsabilidade do setor médico criar as condições para o tratamento dos mais velhos, mas os cientistas afirmam que, com a escassez de profissionais, o atendimento pode não melhorar.

Eles exemplificam que, se houver uma alta de casos de câncer em 30%, o setor médico deve crescer 30%. Mas não é isso que acontece. Segundo a diretora médica e vice-presidente executiva da Asco, a estimativa é que até 2040 serão 27,5 milhões novos casos de câncer e 16,3 milhões de mortes, simplesmente por conta do envelhecimento. Ela destaca que os sistemas de saúde “devem agir imediatamente para evitar a sobrecarrega advinda do aumento de pacientes idosos”.

A situação piora quando, além da escassez de profissionais no campo oncológico e geriátrico, os diagnósticos de câncer vêm normalmente acompanhados de outras comorbidades, como doenças cardiovasculares. Números apresentados durante o encontro da Asco mostram que, segundo o National Cancer Institute, dos Estados Unidos, quase três quartos da população com câncer terá mais de 65 anos até 2040, o que corresponde a 73% dos idosos.

Já no Reino Unido, de acordo com o Cancer Research UK, o número de pessoas com câncer aumentará em um terço até 2040, elevando o número de novos casos todos os anos de 384 mil para 506 mil.

Fonte: Olhar Digital

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