Educação

Bullying na escola e suas consequências

A prática do bullying geralmente acontece no ambiente escolar e pode provocar danos psicológicos sérios em suas vítimas

O que é o bullying? Bullying é uma palavra de origem inglesa que designa atos de agressão e intimidação repetitivos contra um indivíduo que não é aceito por um grupo, geralmente acontece no ambiente escolar. As ofensas podem ser de ordem verbal, física e psicológica, geralmente acontece as três ao mesmo tempo. As vítimas são intimidadas, expostas e ridicularizadas. São chamadas por apelidos vexatórios e sofrem variados quadros de agressão com base em suas características físicas, seus hábitos, sua sexualidade e sua maneira de ser.
As vítimas de bullying podem sofrer agressões de uma só pessoa isolada ou de várias pessoas. Essas pessoas ou grupos podem atuar apenas como meros espectadores sem tomar nenhum partido da violência, mas que indiretamente contribuem para a continuidade da agressão. A prática do bullying geralmente acontece no ambiente escolar e pode provocar danos psicológicos sérios em suas vítimas. As crianças e adolescentes que praticam o bullying procuram alvos fáceis, normalmente crianças menores e sem comportamento agressivo.

Não podemos simplesmente julgar e condenar esse tipo de comportamento quando se trata de menores de idade, pois, geralmente, ele se revela em pessoas que passam por problemas emocionais e psicológicos que, muitas vezes, originam-se no ambiente familiar. Segundo um levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 23% dos brasileiros declararam ter sofrido bullying em algum momento da sua vida. Assim, nesse cenário, esse tipo de violência se apresenta como um problema de saúde pública no Brasil e no mundo.

As consequências do Bullying na vida da criança
É necessário que as famílias e os profissionais da educação estejam atentos ao comportamento das crianças e dos adolescentes para que identifiquem as possíveis vítimas de bullying. Se a criança ou adolescente começar a apresentar um quadro de isolamento, introspecção, agressividade, ansiedade, angústia, irritabilidade, tristeza exagerada; perda de interesse nas atividades diárias; indecisão e desinteresses generalizados; sentimento de culpa e inutilidade; dificuldades de concentração; queixas físicas com dores inexplicáveis na cabeça, musculares, estômago, pressão no peito, dentre outras; insônia ou hipersonia; alterações de apetite e peso para mais ou para menos e, ainda, sentimento suicida, planejar uma forma ou tentativa de suicídio.

Se os profissionais da educação perceberem as agressões, devem agir de maneira a encerrar a prática do bullying sem expor a vítima e oferecer a ela apoio emocional. Os melhores meios de se combater o bullying são a conscientização e o diálogo. Conversas dos responsáveis com seus filhos e filhas, fomentar campanhas de conscientização nas escolas e diálogo dos profissionais da educação com os estudantes são as melhores formas para se acabar com essa prática horrível e mortal. Visto que é o espaço de maior interação entre os jovens, podendo resultar em desafios para a saúde mental.

Mais um caso que chocou o Brasil foi a morte do adolescente Carlos Nazara, de 13 anos, que sofria bullying na escola onde estudava em Praia Grande-SP. O adolescente foi agredido brutalmente por dois colegas no dia 9 de abril 2024, agressões que o levaram à morte.

Os melhores meios de se combater o bullying são a conscientização e o diálogo (Foto: Reprodução)

Algumas dicas para se trabalhar no ambiente escolar como:

• Inserir o enfrentamento do bullying e a valorização da diversidade durante o ano escolar, para que as reflexões possam acontecer não apenas em períodos, aulas ou atividades específicas;
• Campanhas e/ou práticas solidárias, como, por exemplo, campanhas do agasalho ou arrecadação de alimentos, de forma a engajar a comunidade escolar a solidarizar-se com o próximo;
• Promoção de atividades colaborativas, com o intuito de desenvolver competências e valores que auxiliem os estudantes a respeitar os diversos saberes e momentos das turmas, criando um senso de pertencimento à comunidade;
• Diálogos com a direção escolar de forma a criar um espaço como uma sala de imersão para fazer o bem, que fomente o compartilhamento de experiências, fortalecendo experiências exitosas e positivas para resolução de problemas;
• Incentivar a criação de redes de apoio para pessoas vítimas de violência;
• Implementação de profissionais como: psicólogos, assistente sociais e psicopedagogos escolar como forma de fortalecer a rede de apoio e a comunidade escolar para a consolidação de uma cultura de paz.

A Lei 14.811/2024 (fonte Senado) sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em janeiro, inclui os crimes de bullying e cyberbullying no Código Penal e transforma crimes previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em hediondos, como o sequestro e a indução à automutilação. A lei teve origem no PL 4224/2021 do deputado Osmar Terra (MDB-RS). Também classifica crimes cometidos contra menores de 18 anos como hediondos, que impossibilita ao acusado o pagamento de fiança ou liberdade provisória.

Aprovada pelo presidente Luiz Inácio “Lula” da Silva, a medida institui a Política Nacional de Prevenção e Combate ao Abuso e Exploração Sexual da Criança e do Adolescente e amplia a punição de crimes cometidos contra o público infantojuvenil. Publicada no Diário Oficial da União, a nova lei aborda, de maneira geral, as medidas de prevenção e combate à violência contra crianças e adolescentes em estabelecimentos educacionais ou similares, os entes políticos responsáveis por sua implementação e o desenvolvimento de protocolos de proteção.

A nova lei contra bullying tipificou a versão virtual dessa intimidação sistemática, denominada cyberbullying, quando promovida em qualquer ambiente digital. Nesse caso, a pena aplicada é de dois a quatro anos de reclusão e multa, se a conduta não constituir crime mais grave.

O objetivo é fazer valer a lei severamente ao agente que pratica crime contra menores, não podemos fechar os olhos aos acontecimentos como os ataques em escolas e suicídios infantil, que vem aumentando nos últimos anos. Se faz necessário a sociedade saber o real perigo do bullying na vida da criança e do adolescente precisamos pará-lo. Não podemos ser coniventes com nenhuma forma de violência a sociedade deve propagar valores pacíficos nas nossas escolas.

Vamos acolher os estudantes, valorizar a vida, a educação e principalmente a saúde mental, vamos nos posicionar contra o preconceito, a discriminação e a violência. Uma gestão escolar articulada e comprometida com o processo de ensino e de aprendizagem é fundamental para o funcionamento adequado da escola e, no caso do bullying, todos esses agentes devem estar envolvidos nas ações que buscam preveni-lo. No âmbito escolar, cabe ao diretor o compromisso de liderar e organizar o trabalho de todos os agentes envolvidos com a escola.

Léia Flauzina

Léia Flauzina

Psicopedagoga, Neuropsicopedagoga, Especialista em Autismo, Neurociência, Aprendizagem e Mestre em Educação, Escritora, Palestrante e Neuroterapeuta

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