Mercado aumenta pessimismo e prevê inflação no limite da meta em 2024
Agentes do mercado financeiro preveem inflação a 4,5% neste ano, limite máximo da meta e que influencia na taxa básica de juros
Por Guilherme Grandi
Os agentes do mercado financeiro aumentaram o pessimismo pelo andamento da economia brasileira e já preveem, a pouco mais de dois meses do fim de 2024, que a inflação vai terminar em 4,5%. Este é o limite máximo da meta para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para o ano, definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Este é um dos índices que o Banco Central leva em consideração para definir a taxa básica de juros, e a expectativa divulgada nesta segunda (21) segundo o Relatório Focus deve pressionar por mais uma alta da Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para os dias 6 e 7 de novembro.
Esta é a terceira semana seguida que os agentes do mercado financeiro ouvidos pelo Banco Central elevam a expectativa de inflação para este ano, e o aumento previsto no boletim desta segunda é um dos maiores apurados — de 0,11 ponto percentual em apenas uma semana (veja na íntegra).
Os diretores do Banco Central que participam do Copom — entre eles o economista Gabriel Galípolo, indicado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e que foi aprovado para presidir a autarquia a partir de 2025 — enfatizam periodicamente que a taxa básica de juros vai permanecer alta enquanto a inflação não chegar o mais perto possível do centro da meta, de 3%.
A Selic atualmente está em 10,75% desde a reunião de setembro do Copom, em que foi elevada em 0,25 ponto percentual. Para este ano, o mercado financeiro prevê — segundo o Focus desta segunda (21) — um aumento para 11,75%. Essa é a principal reclamação tanto de Lula como de aliados, de que a taxa básica de juros está muito alta e que precisa ceder para acelerar a economia. Com isso, a projeção da inflação para o ano que vem também foi alterada, passando de 3,96% para 3,99%.
PIB e dólar sobem neste ano
Por outro lado, os analistas também elevaram a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, a soma de todos os bens e serviços produzidos no país) de 3,01% para 3,05%. Isso ocorre em sintonia com as previsões do ministro Fernando Haddad, da Fazenda, que vem constantemente citando o crescimento da economia acima do que se previa há um mês.
Na última sexta (18), ele voltou a citar a expectativa de crescimento acima do previsto por conta da tentativa de se destravar o crédito aos micro, pequenos e médios empresários pelo programa Acredita, que prevê também iniciativas voltadas ao empreendedorismo de beneficiários do Bolsa Família.
Além do crescimento do PIB, o mercado financeiro também elevou a expectativa pelo câmbio do dólar, que deve terminar o ano cotado em R$ 5,42. Na manhã desta segunda (21), por volta das 9h30, a moeda estadunidense era cotada a R$ 5,71.
Fonte: Gazeta do Povo