Comportamento & Equilíbrio

Uso de telas pode influenciar mau comportamento de crianças

Quanto tempo é recomendado que a criança passe em frente às telas? Confira o que dizem estudos

Por Isabella Bisordi

Se seu filho não te escuta, se irrita com facilidade ou reage com birras e gritos após uma bronca, talvez seja um alerta. É hora de observar, com mais atenção, quanto tempo ele passa em frente às telas. Uma pesquisa publicada no Psychological Bulletin, da Associação Americana de Psicologia, diz que quanto mais tempo de tela, maiores são os riscos de problemas emocionais e comportamentais na infância.
O levantamento analisou 117 estudos, envolvendo crianças de até 10 anos e meio. O resultado é significativo: o uso excessivo de celulares, computadores e tablets está associado à maior probabilidade de suas ações e sentimentos não corresponderem às expectativas do estágio de desenvolvimento em que estão. Sintomas socioemocionais também foram associados — como depressão, ansiedade, agressividade e hiperatividade.

À CNN, Roberta Pires Vasconcellos, autora principal da pesquisa e professora da Universidade de New South Wales, na Austrália, explicou que o uso elevado de telas, muitas vezes, não é apenas a causa, mas também um sintoma.

Em muitos casos, crianças que já estão lutando emocionalmente recorrem às telas, especialmente aos videogames, como forma de lidar ou escapar”, afirmou.

O problema é que essa busca por alívio imediato cria um ciclo difícil de quebrar. A criança sente desconforto emocional, procura refúgio nas telas, se isola ainda mais e, com isso, agrava sintomas de ansiedade, estresse e irritabilidade.

Quanto tempo de tela é seguro?
Segundo pesquisadores, para crianças com até dois anos de idade, qualquer tipo de tela já é considerada prejudicial. De cinco a dois anos, o limite seguro é de até uma hora por dia. Já para crianças entre seis e 10 anos, o recomendado é não ultrapassar duas horas diárias. As que ultrapassam esses limites, especialmente com jogos on-line, apresentam riscos aumentados para desenvolvimento de problemas emocionais.

Jogos digitais funcionam como as redes sociais. Ou seja, continuam ativos mesmo quando a criança se desconecta, criando uma pressão para permanecer sempre online. Isso pode gerar impactos negativos no sono, nos estudos e nas interações presenciais. Por isso, é fundamental que pais e responsáveis estabeleçam limites claros e consistentes para o tempo dedicado aos jogos. Além disso, é possível utilizar os controles parentais dos dispositivos para filtrar conteúdos.

Quando as telas se tornam alerta?
Pais e responsáveis devem observar se as crianças estão recorrendo às telas sempre que estão chateadas, ansiosas ou tristes. Isso pode ser um indicativo de que há questões emocionais mais profundas que precisam de atenção. Nesse momento, o apoio da família, da escola e, se necessário, de um psicólogo, faz toda a diferença.

O uso excessivo de telas pode gerar impactos sérios na infância, mas a boa notícia é que, com pequenas mudanças e mais presença, é possível interromper esse ciclo e construir relações mais saudáveis. Dizer não às telas, oferecer escuta, acolhimento e atividades que estimulem o desenvolvimento emocional não é apenas educar — é cuidar, proteger e preparar para a vida.

Fonte: Bons Fluidos

Luzimara Fernandes

Luzimara Fernandes

Jornalista MTB 2358-ES

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