Sindifer anuncia que greve pode paralisar atividades em estaleiro de Aracruz

Sindicato pediu apoio ao governo do Estado para que as negociações do dissídio coletivo avancem; bloqueios geram impactos nos complexos industriais
Por Assessoria de Comunicação
O Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e de Material Elétrico do Espírito Santo (Sindifer) voltou a cobrar, nesta segunda-feira (1.º), rapidez do Judiciário para garantir o cumprimento da liminar do Tribunal Regional do Trabalho da 17.ª Região (TRT-17) e fez novo pedido de apoio ao governo do Estado para que as negociações do dissídio coletivo avancem.
O ofício do Sindifer, assinado em parceria com a Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) foi encaminhado ao vice-governador Renato Ferraço, listando de modo especial as perdas significativas que a Seatrium — maior empregadora industrial de Aracruz e única operação de estaleiro de grande porte do Espírito Santo — tem registrado em função das paralisações e da instabilidade instalada no ambiente de trabalho. O estaleiro emprega cerca de seis mil trabalhadores diretos e indiretos, sendo que cada dia de paralisação gera um prejuízo estimado de R$ 2,5 milhões em perdas diretas de faturamento e produtividade, além de impactos negativos sobre toda a cadeia de fornecedores e prestadores de serviços locais.
A decisão judicial em vigor, concedida em 12 de novembro, determina livre acesso de trabalhadores às empresas, veda bloqueios nas portarias e exige que o sindicato laboral mantenha ao menos 40% do efetivo em atividade. O descumprimento prevê multa diária de R$ 50 mil. No entanto, segundo o Sindifer, há recorrência de obstruções, constrangimentos e impedimentos diretos ao trânsito de trabalhadores e fornecedores em diversas unidades.
A paralisação do setor metalmecânico e de materiais elétricos completou 30 dias nesta segunda-feira (1.º), provocando atrasos contratuais relevantes, interrupção de serviços essenciais e crescente insegurança operacional para empresas que atuam em grandes complexos industriais, como Vale, ArcelorMittal, Samarco e a própria Seatrium, segundo avalia o Sindifer. A celeridade da Justiça e o apoio do governo do Estado se fazem necessárias para evitar que grandes empresas capixabas se vejam obrigadas a paralisar as atividades.
O risco de descontinuidade em plantas estratégicas é real. Empresas estão perdendo turnos inteiros porque os trabalhadores não conseguem entrar. Precisamos de celeridade da Justiça para restabelecer condições mínimas de negociação e operação”, afirma o presidente do Sindifer, Luiz Alberto de Souza Carvalho.
Cenário de greve contrasta com discurso oficial de ambiente favorável a investimentos
O Sindifer chama atenção para o contraste entre o atual cenário de paralisações e os esforços do governo do Estado para consolidar o Espírito Santo como um dos melhores ambientes de negócios do país, com estabilidade regulatória, previsibilidade e segurança jurídica. O Espírito Santo oferece boas condições para novos investimentos, incluindo incentivos competitivos e um ambiente industrial estável. Entretanto, segundo o Sindifer, a crise trabalhista prolongada afeta diretamente essa percepção.
A insegurança criada pelos bloqueios e pelo descumprimento de decisões judiciais vai na contramão da imagem que o Espírito Santo projeta ao investidor. Pequenas e médias empresas estão sendo empurradas para compromissos financeiros que não conseguirão honrar. Isso corrói competitividade e afeta toda a economia capixaba”, destaca Luiz Alberto. Segundo o sindicato, o setor já registra perda média de 30% na produtividade, especialmente nas empresas inseridas nos grandes complexos.
Negativa de negociação e descumprimento de liminares
O TRT-17 já realizou duas tentativas de mediação, mas o sindicato laboral não compareceu a nenhuma das audiências. A primeira liminar, concedida em 1.º de novembro, estabelecia manutenção de 80% do efetivo em atividade. Em 12 de novembro, o percentual foi revisto para 40%, mantendo-se a obrigação de garantir livre acesso às unidades industriais e de se abster de qualquer forma de coação ou bloqueio.
Segundo o Sindifer, relatos de empresas de diferentes portes demonstram que a orientação judicial não está sendo cumprida. Há casos de trabalhadores impedidos de acessar plantas industriais e equipes de manutenção que não conseguem cumprir contratos essenciais, resultando em paralisações forçadas e atrasos críticos.
Riscos econômicos crescentes
O setor metalmecânico e de materiais elétricos reúne mais de 2.800 empresas e é considerado base estrutural para as cadeias de petróleo, gás, energia e mineração. Entre os riscos apontados para a continuidade da greve estão:
• Interrupção de contratos industriais e paralisação de manutenções programadas;
• Ameaça de fechamento de pequenas e médias empresas;
• Perda de competitividade para outros estados;
• Deterioração da imagem do Espírito Santo como destino seguro para investimentos;
• Perda de cinco módulos dos projetos atuais da Seatrium, devido ao alto número de paralisações e baixa produtividade. Isso corresponde a aproximadamente 700 pessoas por modulo, um total de 3.500 empregos;
• Novas empresas estão se recusando a fazer construções em Aracruz, solicitando exclusivamente Angra. São centenas de milhões de dólares a serem investidos em outros estaleiros;
• Clientes tradicionais tem renunciado às empresas capixabas, pois preferem utilizar áreas menos desenvolvidas do que enfrentar potenciais greves.

A indústria precisa de estabilidade. A continuidade da greve, aliada ao descumprimento da decisão judicial, cria um ambiente de incerteza que não condiz com o discurso de atratividade econômica que o Estado promove. É urgente restabelecer condições para diálogo real”, reforça Luiz Alberto.
Pedido de apoio institucional ao governo do Estado
Diante da situação, o Sindifer encaminhou ofício ao governador Renato Casagrande e ao secretário de Desenvolvimento, Rogério Salume, solicitando apoio institucional. O documento pede:
• mediação junto ao TRT-17 para acelerar a audiência do dissídio coletivo
• garantia de segurança e livre circulação dos trabalhadores durante a greve
• apoio institucional para restabelecimento das condições mínimas de negociação.
Não se trata de interferir no mérito, mas de assegurar condições mínimas para que o processo ocorra de forma equilibrada e sem prejuízos graves para a economia capixaba”, conclui o presidente.
Sobre o Sindifer
O Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e de Material Elétrico do Espírito Santo representa mais de 2.800 empresas do setor metalmecânico e elétrico. Há mais de seis décadas, atua na defesa da competitividade industrial, da geração de empregos e da manutenção de um ambiente de negócios saudável e previsível no estado, promovendo diálogo entre indústria, trabalhadores e poder público.


















