Meio ambiente

Forquinho: o híbrido improvável entre golfinho e orca

Por Pedro Freitas

Você já ouviu falar no forquinho? Esse é o apelido dado a um híbrido nascido como resultado de alguma cruza improvável entre diferentes espécies de cetáceos. Na maioria das vezes, isso ocorre quando uma fêmea de golfinho-nariz-de-garrafa acaba se acasalando com uma falsa-orca. Embora eles sejam animais extraordinários, eles não são o único exemplo conhecido de misturas entre espécies na natureza.
O primeiro forquinho nasceu no SeaWorld de Tóquio, no Japão, em 1981. No entanto, ele morreu com apenas 200 dias de vida. Em 1985, outra jovem fêmea híbrida chamada Kekaimalu surgiu no mundo. Desde então, pesquisadores têm lutado para entender mais sobre esse novo animal.

Quando o primeiro forquinho surgiu no mundo, os biólogos ficaram pasmos. Em entrevista ao Chicago Tribune em 1986, o palestrante do SeaWorld de Tóquio John Blanchard disse que a equipe de treinamento ficou desconfiada assim que o bebê nasceu. Afinal, a criatura era mais escura que outros golfinhos e seu nariz parecia ter sido decepado.

Esse golfinho em questão não era tecnicamente um híbrido de golfinho-baleia porque a falsa “baleia-assassina” é também um cetáceo, apesar do nome. No entanto, ambas as criaturas são membros de duas espécies distintas. O nascimento de híbridos de cetáceos foi especialmente surpreendente dada a diferença de tamanho entre as duas criaturas que deram origem a Kekaimalu.

Golfinhos-nariz-de-garrafa comuns têm normalmente dois metros de comprimento, enquanto as falsas-orcas podem ter mais de cinco metros de comprimento. Evidentemente, a criação desta descendência híbrida deve ter exigido alguns feitos físicos impressionantes para que tudo pudesse ocorrer sem graves problemas genéticos.

De todo modo, os dois cetáceos parecem ter uma ligação estreita tanto na natureza quanto em cativeiro. Anteriormente, pesquisadores relataram que golfinhos dessa espécie e falsas-orcas são frequentemente vistos saindo e se alimentando juntos no oceano.

No meio científico, costuma-se crer que duas espécies diferentes não podem cruzar e criar descendentes férteis. Porém, nem sempre esse é o caso. Se duas espécies estão relativamente relacionadas e compartilham o mesmo número de cromossomos, então pode ser que, ocasionalmente, elas cruzem e produzam descendentes férteis.

Por exemplo, cães e lobos possuem 78 cromossomos dispostos em 39 pares, permitindo com que eles cruzem com sucesso e sem problemas genéticos. O mesmo vale para os golfinhos-nariz-de-garrafa e as falsas-orcas — ambas tendo 44 cromossomos. Kekaimalu, por exemplo, era um forquinho fértil, tendo supostamente acasalado com pelo menos dois golfinhos posteriormente e dando à luz a, pelo menos, três filhotes.

Além desse caso, os cientistas documentaram um punhado de híbridos produzidos por diferentes espécies de cetáceos. Em 2018, pesquisadores avistaram um novo golfinho híbrido nadando pelas águas do Havaí, o qual acredita-se ser metade golfinho-de-dentes-ásperos e metade golfinho-cabeça-de-melão. A existência dessas criaturas mostra não apenas como a natureza pode ser mágica, mas também sobre como ainda não compreendemos completamente o mundo selvagem ao nosso redor.

Fonte: Mega Curioso

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