Estrelas-do-mar são como cabeças sem corpo
Uma análise do DNA e RNA das estrelas-do-mar revelou que elas não possuem o gene responsável pelo desenvolvimento do tronco dos animais
Por Mateus Dias
As estrelas-do-mar são animais bem estranhos, e agora as coisas ficaram ainda mais bizarras. Um novo estudo revelou que esses animais são como cabeças sem corpo que estão rastejando pelo oceano. As estrelas-do-mar fazem parte dos equinodermos, animais que não têm cérebro e sangue, digerem seus alimentos externamente e regeneram partes do seu corpo, às vezes até em novos animais.
Como se não bastasse, eles geralmente possuem simetria corporal quíntupla, completamente diferente dos outros animais, que geralmente possuem simetria bilateral. Além das estrelas-do-mar, animais como ouriços-do-mar e pepinos-do-mar também fazem parte desse grupo.
Na pesquisa, publicada recentemente na revista Nature e liderada pelos biólogos Laurent Formery e Chris Lowe, da Universidade de Stanford, a equipe investigou a arquitetura corporal dos equinodermos e onde eles se encaixam no superfilo dos deuterostômios, que também inclui vertebrados, como nós humanos.
Na pesquisa, os cientistas usaram uma espécie de estrela-do-mar conhecida como estrela-morcego (Patiria miniata). A partir da técnica de hibridização in situ, sequências precisas do DNA e RNA do animal foram localizadas em uma amostra de tecido e as informações foram utilizadas para criar um mapa 3D da expressão genética da estrela, à medida que ela crescia.
A análise revelou um gene comum entre os deuterostômios, o responsável por desenvolver os braços, desde a região intermediária até a ponta. No entanto, aqueles responsáveis pelo desenvolvimento do tronco do animal não foram encontrados. Assim, todo o corpo dos equinodermos é aproximadamente equivalente à cabeça de outros grupos de animais.
Os pesquisadores acreditam que no passado as estrelas-do-mar e os equinodermos em geral possuíam esse gene, mas que ele se perdeu durante sua longa existência na Terra. E seja lá porque eles fizeram isso, parece que funcionou, já que esses animais existem desde antes dos dinossauros, há cerca de 200 milhões de anos.
Nossa pesquisa nos diz que o plano corporal dos equinodermos evoluiu de uma forma mais complexa do que se pensava anteriormente e que ainda há muito a aprender sobre essas criaturas intrigantes. Como alguém que os estudou nos últimos dez anos, estas descobertas mudaram radicalmente a forma como penso sobre este grupo de animais”, afirma Jeff Thompson, biólogo evolucionista e coautor do estudo, em resposta a Science Alert.
Fonte: Olhar Digital